Entrevista

ENTREVISTA – PEGADAS DE UM SONHADOR

Wilson de Matos Silva é retratado pelos filhos no livro “Pegadas de um Sonhador” como um pai cheio de expressões de amor e um educador importante na construção da 4ª maior instituição de ensino do Brasil, com 250 mil alunos, preocupada na promoção de uma educação de qualidade em todo o Brasil.

Para celebrar o Dia Internacional da Educação, no dia 28 de abril, o reitor e fundador da UniCesumar, em Maringá, PR, conta como está trabalhando para conectar seus alunos à cultura digital, promover a modernização da educação superior, além de ajudar milhares de jovens na solução de dilemas e problemas que trazem consigo durante a vida acadêmica. O Presb. Wilson é membro da 2ª IPI de Maringá.

O Estandarte: Sua vida esteve sempre ligada ao universo da educação? O que o senhor tinha em mente quando iniciou a UniCesumar?

Prof. Wilson: Sou formado em matemática pela Universidade Federal de Santa Catarina e, ao terminar a faculdade, ingressei na Universidade Estadual de Maringá para dar aulas. Depois de 3 anos no ensino, parti para a atividade empresarial, começando com uma perua, entregando encomendas. Essa atividade se tornou numa grande transportadora. Cheguei a ter uma frota com mais de 200 carros. Vendi a transportadora em 1998, quando a UniCesumar já estava muito bem estabelecida com cerca de 3 mil alunos. Também tive uma construtora nesse período e fiz 8 edifícios na cidade de Maringá. Mas nunca parei de dar aulas. Minha paixão sempre foi o ensino. Organizei a UniCesumar baseado no princípio da importância do conhecimento que liberta as pessoas, resgata a dignidade, dá autonomia, prepara para ser protagonista da sua história e que forma cidadãos para vencer na vida. Meus filhos, na época, eram adolescentes e a gente, sempre muito família, de princípios cristãos, não queria que os filhos saíssem de casa para outra cidade. Foi onde me esforcei muito. Não fundei sozinho, mas sempre fui o líder desse projeto. Foi uma grande luta fundar essa instituição que hoje tem 250 mil alunos matriculados.

O Estandarte: Os objetivos iniciais já foram alcançados? Quais são os desafios da UniCesumar nos próximos anos?

Prof. Wilson: Foram plenamente alcançados. E o desafio para os próximos anos é continuar crescendo. O Brasil tem apenas 19% de jovens no ensino superior. Então, temos um grande universo de pessoas não alcançadas pelo ensino superior. Além da matriz em Maringá, temos campi presenciais em Curitiba, Londrina e Ponta Grossa, além de mais de 700 polos de ensino a distância espalhados pelo Brasil. Alcançamos mais de 700 cidades, oferecendo 40 cursos a distância de boa qualidade, com excelentes resultados na avaliação que o MEC realiza.

O Estandarte: A UniCesumar se baseia em 4 pilares no processo de formação: intelectual, profissional, emocional e espiritual. Fale um pouco sobre o espiritual.

Prof. Wilson: Nós sempre pautamos uma escola com princípios e valores. Trabalhamos com a formação integral do ser humano. A partir disso, estabelecemos esses 4 pilares. O intelectual, que é a leitura de revistas, jornais e livros, além dos livros e textos específicos da área de estudo. O profissional é a formação para o exercício de uma profissão com capacidade, competência e habilidade. O emocional é para que os estudantes tenham uma boa gestão da mente e das emoções. Quanto ao espiritual, temos de colocar em prática os princípios cristãos e a oportunidade de evangelizar pessoas através do ensino. Temos 250 mil alunos hoje, além de seus familiares. Nas minhas reuniões com meus filhos tenho sempre tratado disso, o que pensamos, fazemos e falamos. Podemos influenciar para o Reino essa multidão ligada à nossa instituição. Construímos uma capela no campus, com uma linda cruz vazada, mostrando que Cristo não está preso numa cruz. Temos capelania, com pastores, e devocionais uma vez por semana em todos os departamentos. São 3.800 funcionários diretamente ligados à nossa organização. Somos a maior empregadora privada da cidade de Maringá. Temos uma emissora de televisão e outra de rádio. Transmitimos 4 vezes o culto da igreja. A rádio atinge em torno de 100 cidades e a emissora de tv alcança cerca de 30 cidades. Temos uma orquestra filarmônica, coral, muitos DVD’s com músicas sacras e clássicas, museu histórico da cidade de Maringá e do norte do Paraná. A universidade é aberta nos fins de semana para que igrejas e entidades sem fins lucrativos usem os espaços sem custo nenhum. Damos bolsa de estudos para filhos de pastores e para os evangélicos da nossa igreja. Agora, um convênio com a IPI do Brasil está alcançando também os membros.

O Estandarte: O vestibular deste ano da UniCesumar teve como tema “Geração que Transforma”. Como a universidade está se preparando para engajar jovens com acesso a muita informação, altas expectativas e o desejo de mudar o mundo?

Prof. Wilson: Temos buscado preparar a juventude para o mundo moderno, da tecnologia, da robotização e da inteligência artificial. Usamos todas as metodologias modernas para que a educação se torne verdadeiramente digital. Construímos um espaço de inovação e inspiração chamado de SpaceInspire, com fábricas, impressoras 3D, corte a laser, pequenos tornos, furadeira, etc. Em 2020, cada grupo de 4 alunos tem que construir um protótipo de um objeto inovador na graduação ou melhorar ou criar um processo. Essa é uma das formas de trabalhar com a atual geração e ensiná-la a transformar o meio em que vivem.

InspiraSpace: UniCesumar cria espaço inovador de aprendizagem e integração

O Estandarte: A concentração nas aulas é um problema para a atual geração de jovens. Como adaptar o currículo a esses estudantes? A educação tradicional foi prejudicada?

Prof. Wilson: A educação tradicional não foi prejudicada, mas tem de ser transformada. As instituições que não passaram a usar equipamentos modernos, a robotização e a era digital vão ficar para trás. Temos as chamadas sala invertidas, sala de metodologias ativas. Temos uma grande quantidade de ações inovadoras. Treinamos nossos professores para que criem essa educação dentro do mundo digital, transformando a aula num espaço agradável e atrativo.

O Estandarte: 28 de abril é o Dia Internacional da Educação. Quais são os maiores erros cometidos na área da educação atualmente?

Prof. Wilson: A educação brasileira, na média, é uma das piores do mundo. Na escola básica, o aluno fica 4 horas por dia na escola, principalmente na pública. Há um desperdício em média de 33% das aulas em que o aluno fica na sala. Restam somente 2 horas e meia de aprendizagem. No ensino superior, só 28% dominam a língua portuguesa e 7% dominam a matemática. Os demais são analfabetos funcionais. Esse é o grande desafio da universidade. Temos de fazer nivelamentos, cursos, palestras, etc., para que os alunos sejam, de fato, estudantes, e não meros frequentadores da escola.

O Estandarte: Que cenários o senhor vê para a educação no Brasil?

Prof. Wilson: O cenário tem sido de avanços. São poucos, mas existem. Temos de despertar a nossa sociedade para o fato de que o caminho é o domínio do conhecimento, de novas habilidades e competências. Temos de criar uma liderança por influência e não por imposição, desenvolver o pensamento crítico, a agilidade, a iniciativa, o empreendedorismo, a comunicação oral, a escrita eficaz, etc. Hoje existe curso de Gestão da Informação porque o volume de informação que a sociedade atual detém é tão grande que precisa ter gestores e quem não tiver informação ou não souber usar estará fora dos processos e da visão de negócios em inteligência artificial. É nesse cenário que temos de caminhar.

O Estandarte: Que contribuição o cristianismo pode oferecer para o ensino universitário?

Prof. Wilson: O cristianismo foi um pilar fundamental para o desenvolvimento da humanidade, principalmente a partir de 1517, com a Reforma Protestante. A partir da Reforma, começaram a surgir escolas ao lado dos templos protestantes, ensinando as pessoas ler a Bíblia. Isso tem se perpetuado. O meu caso é um exemplo. Vim da zona rural, de família pobre, mas, ao ir para igreja, fui motivado pra valer. Toda minha família fez a mesma coisa. Na década de 70 e 80, eu e meus 8 irmãos concluímos o curso superior. O desenvolvimento das pessoas na música, na arte, no teatro, na comunicação, em sua vivência na igreja é muito importante.

O Estandarte: Qual o conselho o senhor deixaria aos jovens cristãos que estão ingressando na universidade?

Prof. Wilson: O primeiro conselho é o de que o ensino seja levado sério. Lamentavelmente, 90% dos jovens estudantes brasileiros “colam”. Nós, cristãos, temos de quebrar esse paradigma e sermos exemplos dentro da sala de aula em ética, honestidade, seriedade e dedicação. O que Deus espera de nós cristãos é que desenvolvamos nossas habilidades. Espero que a juventude cristã brasileira seja o arauto do conhecimento em nosso país que tanto precisa de líderes éticos, sérios, competentes e com muitas habilidades.

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