A voz do Senhor

PASTOR DE ISRAEL, DEUS DOS EXÉRCITOS OU SIMPLESMENTE DEUS

SALMO 80 – 1º DOMINGO DO ADVENTO (29/11/2020)
TEXTOS COMPLEMENTARES: IS 64.1-9; MC 13.24-37; 1CO 1.3-9

Nos textos complementares, Deus é representado como o Pai misericordioso, o rei poderoso e guerreiro ou simplesmente como o único Deus existente, Senhor dos céus e da terra.

O profeta gostaria que Deus se apresentasse na terra com o seu poder destruidor para tomar vingança dos inimigos de Israel, mas também suplica pela sua misericórdia para perdoar o seu povo, apesar de todos os seus pecados. Mas, acima de tudo, ele reconhece que não há outro Deus além do seu Deus.

Jesus diz que Deus vem com poder e no meio de terríveis sinais, mas é, ao mesmo tempo, o Pai que amorosamente procura os seus escolhidos, espalhados pelos quatro cantos da terra. Mas ele é, em última análise, o Deus único que se fará presente no mundo por meio de seu Filho.

Paulo aconselha os crentes de Corinto a viverem de maneira irrepreensível, aguardando a revelação do grande julgamento divino no tempo que ele chama de Dia de Nosso Senhor Jesus Cristo. Mas Deus também acompanha o seu povo, enriquecendo-o com todas as graças concedidas por meio de Cristo. Em resumo, Deus é o nosso Pai, Pai também do Senhor Jesus Cristo.

O Salmo denomina Deus como o Pastor de Israel, o Senhor dos Exércitos ou simplesmente Deus.

O estudo seguirá esta sequência de nomes divinos, contando com os textos complementares como fonte de exemplificações dos argumentos apresentados. Em cada uma destas representações divinas, o salmista discorre sobre o grande poder de Deus, seus feitos maravilhosos a favor do seu povo, sua ausência sentida e o apelo para que Deus volte com todo o poder que manifestou na antiguidade.

O pastor de Israel (Salmo 80.1-3)

A comparação do cuidado que Deus tem com o seu povo com a vida do pastor nômade à procura de pastagens e água fresca para o seu rebanho povoa as páginas da Bíblia. É tema para o Salmo 23, considerado o mais belo poema dentre os Salmos.

No Salmo em estudo, o autor toma por exemplo a maneira como Deus conduziu José, protegendo-o juntamente com  os seus filhos Efraim e Manassés e o irmão de seu coração, Benjamim, pelas peregrinações no Egito até assentá-los juntos nas terras cisjordâneas, em Canaã.

O cuidado dispensado por Deus ao seu povo é representado no Salmo por outra comparação que reflete diferente modo de vida do oriente, o do povo sedentário, que faz as suas plantações esperando delas obter o seu sustento.

Deus estabelece o seu povo na Palestina como quem trouxe da terra do Egito uma muda de planta escolhida e a plantasse com todo o cuidado, alegrando-se ao vê-la estender sua ramagem desde o rio até ao mar.

Este cuidado divino, segundo Paulo, se projeta na direção daqueles que são chamados pela graça de Deus para a comunhão de seu Filho Jesus Cristo.

Mas o salmista lamenta a situação de abandono em que se acha o rebanho tão caro ao seu pastor. A vinha está sem a cerca que a isolava e, agora, encontra-se à mercê do vandalismo e destruição das pessoas e das feras.

Então, o salmista clama ardentemente por uma visita do Pastor para que veja a destruição e restaure a vinha de Israel, plantação preciosa feita diretamente pelas mãos de Deus.

O Senhor dos Exércitos (Salmo 80.4-16)

Após iniciar o texto chamando Deus de Pastor de Israel, o salmista vai usar em todo o seu poema o título de Senhor dos Exércitos.

Para um povo ao qual a guerra era questão de sobrevivência perante as nações vizinhas, Deus era reconhecido como o grande general que os levava as suas vitórias.

Assim o vê o profeta, ao descrever sua entrada no mundo, aterrorizando os próprios astros com a sua presença e a sua força.

Esta aparência divina está presente também na descrição do julgamento final, no texto do evangelho.

A visão do Deus guerreiro se contrapõe à figura do pastor bondoso, que trata com carinho o seu rebanho, pois agora é apresentado como um lutador forte, irado, cuja indignação ninguém pode deter.

Deus comparece como o grande defensor de Israel, afugentando os inimigos ou fazendo perecer aqueles que ousam enfrentá-lo. Ele está sempre presente em Israel, salvando-o de todos os perigos e devolvendo-lhe aquilo que foi pilhado pelos invasores. Mas, agora, o grande guerreiro está ausente e o povo se consome, alimentando-se de suas lágrimas, bebendo o resultado de seus copiosos prantos.

Sem proteção, eles ficam à mercê da zombaria e da exploração daqueles que antes tremiam somente ao vê-los. Então, a oração do salmista é uma busca por reforço para enfrentar o exército que o afronta e que se mostra mais forte do que ele.

Ele quer que o Senhor dos Exércitos estenda o seu braço direito para o fortalecer e ele saia vitorioso como tantas vezes aconteceu no passado.

Simplesmente o meu Deus (Salmo 80.17-19)

A confiança que o salmista tem no Deus ao qual adora não se firma nos títulos, por mais solenes que sejam. O salmista é conduzido por certezas que dominam o seu coração. O Deus que ele adora é o único Deus.

Que Deus haverá tão grande como ele? Interroga o profeta. O respeito ao seu nome não se firme na importância dos títulos que ostenta. Ao contrário, é Deus que santifica o seu nome, seja qual for a maneira como é identificado. Mais do que isso, ele adora a Deus porque ele é o “seu” Deus, o nosso Deus, o Deus de Israel, de Efraim, Manassés e Benjamim. Ele é o Pai de todos os seus escolhidos.

Nos dois textos do Novo Testamento, ele é o Pai do Senhor Jesus Cristo, seu Filho, e também nosso Pai. Sua divindade ultrapassa a compreensão humana e leva os seus filhos a pensarem nas alturas dos céus, no resplendor do seu trono, no coro inumerável dos querubins.

Por isso, agora, vendo queimadas e destruídas as suas cidades e postos ao abandono a sua Jerusalém, o santo monte Sião, o templo sagrado, o salmista acredita que somente o seu Deus, o Senhor da vida, pode vivificar os seus irmãos que jazem perdidos como mortos em seu abandono.

Um povo tão desgarrado de seu Deus, somente pela graça divina será chamado novamente à sua comunhão, para nunca mais se apartar de sua presença e continuamente invocar seu santo nome. Deste modo, dirigindo-se ao Pastor de Israel, ao Senhor dos Exércitos, ao seu Deus, a súplica do salmista é a mesma: “Restaura-nos, Senhor, faze resplandecer o teu rosto e seremos salvos”.

Rev. Lysias Oliveira dos Santos
Pastor Jubilado da IPI do Brasil

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