Secretaria de Música e Liturgia

A RIQUEZA DE NOSSO HINÁRIO

Temos uma vasta tradição musical herdada da Reforma Protestante do século XVI, com os reformadores Lutero, Calvino, etc.

Com Martinho Lutero, a congregação passa a cantar no culto. Ele resgatou a participação do canto das mulheres dentro da igreja, a utilização de melodias mais fáceis para que a congregação aprendesse e participasse ativamente nas celebrações de culto a Deus, a valorização do cântico congregacional.

Com João Calvino, temos a valorização do uso dos Salmos. Para isso, em 1562, foi publicado o “Saltério de Genebra”, usado como o hinário das Igrejas Reformadas. Desde então, a Igreja Reformada (Presbiteriana) vem trazendo consigo o uso de Salmos e Hinos para o canto congregacional. O primeiro hinário brasileiro, “Salmos e Hinos”, foi publicado pelo casal de missionários Sarah e Robert Kalley. Sua primeira edição é de 1861 e foi usado por várias igrejas evangélicas brasileiras e, até pouco tempo, nós da IPIB também adotávamos o “Salmos e Hinos” como nosso hinário.

Desde 2003, a IPIB adotou como hinário oficial o “Cantai Todos os Povos” (CTP), como parte das celebrações do centenário da igreja. É, portanto, um hinário novo, mas com uma proposta e com um conteúdo rico em diversidade musical para o uso nas igrejas.

O hinário teve a sua segunda edição publicada em 2006 e, mais recentemente, foi feita uma nova edição lançada em outubro de 2017, nas comemorações dos 500 anos da Reforma Protestante, com novos arranjos e recursos para os músicos da igreja.

Destacamos alguns exemplos da riqueza e da tradição litúrgica e musical que encontramos em nosso hinário e que, muitas vezes, não são percebidas nem valorizadas:

  1. Melodias antigas que vieram de antes da Reforma Protestante, como a do hino “Ó Vem Emanuel” (CTP, 327), melodia Gregoriana do Séc. XIII. O texto do hino 488 é oriundo do Séc. II do cristianismo. O 386, tanto a letra como a música do 386 são antigas.
  2. Cânticos herdados da Reforma Protestante do Séc. XVI (30, 57, 144, 162, 409 e 488, etc.). A letra do hino 69 é atribuída ao reformador João Calvino.
  3. O hino 144 foi cantado no primeiro culto protestante no Brasil e em todas as Américas, em 10/3/1557, por pastores calvinistas franceses.
  4. Músicas compostas por Bach, Haendel, Mozart, Beethoven e Mendelssohn, todos conhecidos como grandes mestres da música universal (36, 223, 247, 316 (2ª música), 472, etc.).
  5. Hinos procedentes de vários países europeus (32, 33, 54, 94, 96, 188, 335, 481, etc.); de compositores norte-americanos (1, 11, 45, 78, 112, 122, etc.); spirituals afro-americanos ou Negro Spiritual (255, 288, 350, 369, etc.); oriundos de outros países, tais como: Argentina (44, 75, 179, 474), Chile (42), China (90), Paraguai (462), França (346), Letônia (399), Honduras (434), Peru (455), Rússia (460, 461), Israel (56, 500, 501), Jamaica (310, 433), França (454), Gana (227, 264), Zaire (498), África do Sul (496, 497, 499), Nigéria (428), etc.
  6. Cânticos brasileiros com ritmos regionais do nosso país: Baião (74, 95, 273), Xote (128), Modinha Brasileira (290), Marcha Rancho (277, 313), Música Caipira (289), Samba (307), etc.
  7. Hinos pátrios brasileiros (420, 421 e 422).
  8. Hinos de vários autores e compositores brasileiros: Asaph Borba (37), Aristeu Pires Júnior (243); Jonatas Liasch (38); Jorge Camargo Filho (9) Guilherme Kerr Neto (25, 67); Edilson Botelho Nogueira (120, 301, etc.); Déa Kerr Afini (302); Nelson Bomilcar (22, 85, etc.);  Nabor Nunes (261, 307); Jaci Maraschin (206, 256, etc.); Rodolfo Gaede Neto (468); Aricó Júnior (201); Flávio Irala (16, 128, 265, etc.); Elias Loureiro (8); Leopoldina Ruth da Conceição (390); Nilton Tuller (248);  etc.
  9. Hinos de autores, compositores e arranjadores ligados à IPIB: Rev. Otoniel Mota (202, 291); Hermes Rangel (395); Rev. Valdomiro Pires de Oliveira (16); João Lucas Esvael Rodrigues (356); Elisabete J. C. Damião (27, 77, 97, etc.); Márcio Lisboa (426); Luiz Otávio do Carmo (33, 208, etc.) Rev. Adolpho Machado Corrêa (416); Rev. Ricardo W. Irwin (474); Rev. Gildo Francisco Lopes (125); Jair F. Gasparini (479); Rev. João Wilson Faustini, o primeiro ministro de música ordenado na IPIB e um dos maiores nomes da música sacra no Brasil (10, 55, 69, etc.).
  10. Hinos que fazem parte da história da IPIB: (93, 234 e 412 cantados na noite do “31 de Julho” de 1903).

Além disso, na parte final do hinário, existe um apêndice com 30 músicas instrumentais, de diversos compositores, para prelúdio, interlúdio e poslúdio.

Aí está um pequeno exemplo do rico conteúdo musical, cultural, histórico e litúrgico disponível no hinário “Cantai Todos os Povos”. 

É claro que podemos utilizar outros hinários e mesmo composições novas e contemporâneas. Há um vasto e rico repertório para isso.

A igreja pode e deve investir na formação de músicos, de canto coral, bandas, conjuntos, orquestras, quartetos, musicalização infantil, etc.

Existem muitas possibilidades de estilos e músicas que podem e devem ser usadas na adoração, mas tudo com ordem, decência, com qualidade e espiritualidade.

Diante disso, temos de perguntar: será que devemos descartar tudo isso? Será que toda essa herança musical não vale mais hoje em dia? Para a igreja crescer, inovar e se contextualizar, ela precisa apagar seu passado, sua história e sua tradição? O uso dos hinários nos cultos é coisa do passado? Qual é a contribuição na educação musical e teológica que os hinos e cânticos exercem em nossas igrejas?

É importante lembrar que estudar música é estudar arte. Como todo processo educacional e pedagógico, os resultados surgem somente a médio e longo prazo. O uso dos hinários incentiva o estudo de partituras, a leitura musical, o solfejo e o canto coral que são expressões artísticas e de louvor, adoração e serviço ao Senhor.

Luiz Otávio Pereira do Carmo
Membro da 4ª IPI de Sorocaba, SP, e integrante da Secretaria de Música e Liturgia da IPIB3ª IPI de São Luís, MA 

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