Pastoral da Diretoria

POR UMA IGREJA CORAJOSA!

Sejam fortes e corajosos; não se assustem, nem tenham medo deles, pois é o Senhor, nosso Deus, quem irá com vocês. Ele não os deixará, nem abandonará” (Dt 31.6).

Escolhemos para o ano de 2021 o slogan “Somos Família” a fim de nortear as ações promovidas no âmbito da IPIB.

Pelo terceiro ano consecutivo, vivemos sob o impacto da pandemia da Covid-19, ainda que esperançosos pela vacinação da população brasileira, que atualmente alcança quase 70% das pessoas em nosso país, fato que poderá ser muito importante para nos proteger da variante Ômicron do vírus da Covid-19.

O slogan “Somos Família” foi e sempre será importante para a igreja, uma vez que somos e sempre seremos a família bendita do Senhor!

Ao reforçarmos esse fato, durante as piores fases da pandemia, percebemos um despertar de solidariedade, de amor e de compaixão no âmbito da IPIB.

De fato, choramos com aqueles que perderam seus entes queridos, e intercedemos pelos enfermos e pelos profissionais de saúde.

Destacamos a grande mobilização de nosso Movimento Nacional de Oração em todas as regiões do Brasil, com as torres de oração reunindo um contingente de quase 2.500 intercessores que dobraram seus joelhos!

Alegramo-nos, sobremaneira, com aqueles que venceram a Covid-19, sobreviventes de uma guerra tremenda travada contra uma terrível doença. Contudo, ainda que haja alguma incerteza quanto ao futuro, caminhamos para a pós-pandemia.

E, a exemplo do que ocorreu no passado em período de pós-guerras e de outras pandemias no mundo, há que se ter muita coragem para enfrentar os desafios que são postos diante de nós.

Por isso, para 2022 escolhemos o slogan “Por uma igreja corajosa”!

O texto de Deuteronômio 31.6 está inserido no contexto da transferência de autoridade de Moisés para Josué.

Até aquele momento, Moisés liderara o povo desde a saída do Egito até as proximidades da terra prometida.

Os 40 anos de peregrinação pelo deserto foram marcados por grandes dificuldades, porém Deus jamais deixou de amparar seu povo.

Contudo, ao concluir uma etapa importante na história de Israel, tinha chegado o tempo de Moisés fazer a transição da liderança para Josué.

E assim, tendo o povo como testemunha, o grande líder Moisés proferiu as marcantes palavras de encorajamento a Josué.

Assim como o Senhor Deus estivera com Moisés e os hebreus até aquele momento, não seria fácil para Josué substituir Moisés na condução do povo à terra prometida, ainda que Josué junto com Calebe tivessem sido os auxiliares mais importantes para Moisés naquela empreitada.

Ao adentrar na terra da promessa, seria como um pós-período de grande peregrinação, em meio às muitas dificuldades enfrentadas no deserto.

Porém, outros desafios seriam postos diante do povo de Israel, que passaria a ser liderado por Josué.

O primeiro desafio seria liderar um povo forjado no deserto e que, apesar de sempre presenciar os atos de misericórdia do Senhor, era um povo difícil, que sempre murmurava contra seus líderes e contra Deus.

E o outro desafio seriam os povos que já habitavam Canaã e que se constituiriam em inimigos dos hebreus.

Sendo assim, as palavras de Moisés dirigidas ao povo e depois particularmente a Josué, naquele contexto, também são muito oportunas para o nosso tempo: “Sejam fortes e corajosos; não se assustem, nem tenham medo deles, pois é o Senhor, nosso Deus, quem irá com vocês. Ele não os deixará, nem abandonará”.

Então Moisés convocou Josué e lhe disse na presença de todo o Israel: “Seja forte e corajoso, pois você irá com este povo para a terra que o Senhor jurou aos seus antepassados que lhes daria, e você a repartirá entre eles como herança. O próprio Senhor irá à sua frente e estará com você; ele nunca o deixará, nunca o abandonará. Não tenha medo! Não desanime!”

Diante da IPIB pairam alguns importantes desafios nesse período chamado de pós-pandemia e que exigirá de todos a mesma coragem que Moisés ordenou para Josué e seu povo.

O primeiro desafio é o de reagrupar os crentes que, por um longo período, estiveram distantes uns dos outros, participando de cultos e atividades virtuais.

Embora haja algum pessimismo sobre esse assunto, entendemos que as pessoas sentem a necessidade de estarem próximas umas das outras, pois a igreja é uma comunidade relacional.

Precisaremos vencer o medo e o receio de retornarmos às atividades presenciais, quando a ocasião e as autoridades de saúde assim permitirem.

O segundo desafio colocado diante da igreja é a grave situação econômica reinante no Brasil e que gerou um enorme contingente de pessoas lançadas na miséria extrema.

Como ser uma igreja relevante e diaconal para as pessoas sofridas de nosso tempo?

Há que se ter muita coragem para enfrentar o desafio de acolher pessoas em situação de rua, famintas, desesperançadas, ameaçadas pelas drogas, álcool e violência.

Há que se ter coragem de abrir os espaços de nossos templos que, na maior parte do tempo, ficam ociosos, para se tornarem espaços de acolhimento das pessoas sofridas de nosso Brasil.

No dizer de Lutero: “O cristão vive não em si mesmo, mas em Cristo e no próximo. De outro modo, ele não será um cristão” (Extraído do livro “Da liberdade Cristã”).

O terceiro desafio refere-se ao surgimento de uma grave polarização ideológica no Brasil no período da pandemia e que invadiu as igrejas, inclusive a nossa amada IPIB, e que ainda permanece, aumentando nossa preocupação neste ano, quando teremos eleições majoritárias.

As redes sociais tornaram-se verdadeiros campos de batalha, onde irmãos deixaram de lado os princípios da Palavra de Deus sobre o amor, o respeito, a sensatez, especialmente no tocante ao fruto do Espírito Santo expresso em Gálatas 5, quais sejam: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio”.

Há que se ter muita coragem e resiliência para que as obras da carne não prevaleçam sobre nós.

E, por fim, um desafio permanente que ronda nossa amada IPIB é a perene construção da unidade entre os irmãos, pastores e líderes conciliares, pois, infelizmente, temos visto graves fissuras na igreja.

O corpo de Jesus, por vezes, é ferido por conta de intransigências e de dissenções entre os chamados discípulos do Mestre.

Há que ser ter muita coragem para viver os princípios ensinados por Jesus no Sermão da Montanha, em Mateus 5, quais sejam: andar a segunda milha; dar a outra face; entregar a capa; amar os inimigos e ter disposição para perdoar de maneira ilimitada os equívocos do irmão.

 Para concluir, destacamos que os hebreus, liderados por Josué, diante dos grandes desafios que enfrentariam para tomar posse da terra de Canaã, foram encorajados por Moisés com essas palavras: “Sejam fortes e corajosos; não se assustem, nem tenham medo deles, pois é o Senhor, nosso Deus, quem irá com vocês. Ele não os deixará, nem abandonará”.

Ou seja, a coragem e a intrepidez humana somente de nada valeriam, se Deus não estivesse com o povo, em todos os momentos.

Isto vale para a IPIB, pois ser uma igreja corajosa para enfrentar os desafios que são postos diante de nós implica em confiarmos que o Senhor irá conosco, e jamais nos abandonará.

No dizer de João Calvino, ao comentar Deuteronômio 31.6: “Visto que, se a fé corresponde às promessas de Deus e está, por assim dizer, em harmonia com elas, é necessário que ela se estenda a toda a nossa vida, mais ainda, além da própria morte; pois Deus remove toda dúvida sobre o futuro com essas palavras: “Não te deixarei, nem te desampararei”.

Pela Coroa Real do Salvador!

Rev. João Luiz Furtado
Presidente da Assembleia Geral da IPIB
presidencia@ipib.org

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