Secretaria de Música e Liturgia

NOVE RAZÕES PELAS QUAIS AS PESSOAS NÃO ESTÃO CANTANDO NA ADORAÇÃO

Os líderes de louvor ao redor do mundo estão transformando tristemente o culto de sua igreja (muitas vezes sem querer) em um evento para espectadores, e as pessoas não estão mais cantando.

Antes de discutir nossa situação atual, vamos olhar para trás na história.

Antes da Reforma, o culto era em grande parte feito para o povo. A música era tocada por músicos profissionais e cantada em uma língua desconhecida (latim).

A Reforma trouxe de volta o culto ao povo, incluindo o canto congregacional que empregava melodias simples e acessíveis com letras sólidas e bíblicas na língua do povo. O culto mais uma vez tornou-se participativo.

A evolução do hinário impresso trouxe consigo uma explosão de canto congregacional e o amor da igreja pelo canto aumentou.

Com o advento das novas tecnologias de vídeo, as igrejas começaram a projetar as letras de suas músicas em uma tela, e o número de músicas à disposição de uma igreja, segundo David Murrow, aumentou exponencialmente.

No início, esse avanço na tecnologia levou a um canto congregacional mais poderoso, mas, logo, uma mudança na condução do louvor começou a retornar ao tempo da pré-Reforma, levando os fiéis a ser simples espectadores. O que ocorreu pode ser resumido como novamente a profissionalização da música da igreja e a perda de um objetivo fundamental dos líderes do louvor: permitir que as pessoas cantem seus louvores a Deus.

Simplificando, estamos criando uma cultura de espectadores em nossas igrejas, mudando o que deveria ser um ambiente de adoração participativo para um evento de concerto (show). Vejo nove razões pelas quais as congregações não estão mais cantando:

  • 1) A congregação não conhece as músicas  

Com o lançamento de novas músicas semanalmente e o aumento da criação de músicas escritas localmente, os líderes de louvor estão fornecendo uma dieta constante das melhores e mais recentes músicas de adoração.

De fato, deveríamos estar cantando novas músicas, mas uma taxa muito alta de inclusão de novas músicas no culto pode matar nossa taxa de participação e transformar a congregação em espectadores.

Eu vejo isso o tempo todo. Eu defendo não mais do que uma música nova em um culto de adoração e, depois, repetir a música por várias semanas até que ela se torne conhecida pela congregação. As pessoas adoram melhor com músicas que conhecem. Por isso, precisamos ensinar e reforçar as novas expressões de adoração.

  • 2) As canções são impróprias para o canto congregacional

 Hoje, existem muitos novos cânticos de adoração, mas, no vasto conjunto de novos cânticos, muitos não são adequados para o canto congregacional em virtude de seus ritmos (que é muito difícil para o fiel que canta) ou muito amplo (considerando o cantor comum – não o cantor treinado).

  • 3) Canta-se em tons muito altos para o cantor médio

As pessoas que lideramos no culto geralmente têm um alcance limitado e não um alcance alto. Quando colocamos músicas em tons muito altos, a congregação para de cantar, se cansa e, eventualmente, desiste, tornando-se espectadora.

Nossa responsabilidade é permitir que a congregação cante seus louvores, e não mostrar nossas belas vozes treinadas cantando músicas em nossas faixas de alcance. O alcance básico do cantor comum é uma oitava e uma quarta (de Lá a Ré).

  • 4) A congregação não consegue ouvir as pessoas cantando ao seu redor

Se nossa música está num volume que dificulta as pessoas ouvirem umas às outras cantando, então ela está muito alta. Por outro lado, se o volume for muito baixo, geralmente a congregação deixará de cantar com energia. Encontre o equilíbrio certo:  forte, mas não excessivo.

  • 5) Criamos cultos que são eventos para espectadores

Sou um forte defensor da criação de um ótimo ambiente para o culto, incluindo iluminação, recursos visuais, inclusão das artes e muito mais. No entanto, quando nossos ambientes levam as coisas a um nível que chama indevidamente a atenção dos que estão no palco ou distrai de nossa adoração a Deus, fomos longe demais. Excelência – sim. Desempenho altamente profissional – não.

  • 6) A congregação sente que não se espera que ela cante

Como líderes de louvor, muitas vezes nos envolvemos tanto em nossa produção profissional do culto, mas não conseguimos ser autênticos, convidando a congregação para entrar no clima de adoração e fazendo tudo o que podemos para facilitar essa experiência, cantando músicas familiares, novas músicas introduzidas adequadamente, e todos cantados na faixa congregacional adequada.

  • 7) Falta uma coletânea comum de cânticos

Com a disponibilidade de tantas músicas novas, muitas vezes nos tornamos aleatórios em nosso planejamento do culto, pegando músicas de tantas fontes sem ter o cuidado de repetir por semanas consecutivas e, dessa forma, ajudando a congregação a tomá-las como uma expressão regular de sua adoração.

Antigamente, o hinário era esse repositório. Hoje, precisamos criar listas de músicas para usar no planejamento de nossos momentos de adoração.

  • 8) Líderes de adoração improvisam demais

É bom manter a melodia clara e forte. A congregação é composta de pessoas com alcance limitado e habilidade musical limitada. Quando nos desviamos da melodia para o improviso, as “ovelhas” tentam nos seguir e acabam frustradas e param de cantar. Alguns improvisos são bons e podem até melhorar a adoração, mas não deixe que isso desvie suas ovelhas.

  • 9) Líderes de louvor não estão se conectando com a congregação

Muitas vezes somos pegos em nosso mundo de produção musical incrível e perdemos de vista nosso propósito de ajudar a congregação a expressar sua adoração. Deixe-a saber que você espera que ela cante. Cite a Bíblia para incentivar suas expressões de adoração. Fique atento ao quão bem a congregação está acompanhando você e altere o curso conforme necessário.

Uma vez que os líderes de louvor recuperem a visão de permitir que a congregação seja participante da jornada de adoração corporativa, acredito que podemos devolver a adoração às pessoas mais uma vez.

Kenny Lamm
Consultor sobre o culto que ajuda igrejas em todo o mundo a renovar sua adoração. Tradução de Marcio Lisboa, regente do coral da 1ª IPI de Osasco e assessor da Secretaria de Música e Liturgia da IPIB

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