UMA PRECIOSA DOAÇÃO: O RETRATO A ÓLEO DE D. MARIA PAES DE BARROS”

Em 24 de outubro de 2023, na sala da presidência da Assembleia Geral da IPI do Brasil, o Museu e Arquivo Histórico “Rev. Vicente Themudo Lessa” recebeu preciosa doação: uma pintura a óleo retratando D. Maria Paes de Barros, venerável senhora que foi membro da 1ª IPI de São Paulo. O doador do retrato foi um de seus trinetos, o Dr. Cristiano Pereira de Magalhães.

Maria Paes de Barros, filha do Brigadeiro Luiz Antônio (sim, o mesmo da famosa avenida paulistana que liga o centro aos Jardins) e esposa do Senador Antônio Paes de Barros Júnior, foi uma mulher de grande protagonismo.

Nascida em São Paulo no ano de 1851, era de família muito rica, pertencente à elite socioeconômica ligada ao café. Cresceu em um ambiente marcado por educação europeia, ministrada na própria casa. Após seu casamento, manteve o hábito das rigorosas leituras que fazia, sob orientação de sua preceptora na casa paterna.

A vida de Maria Paes de Barros foi marcada por atos de beneficência, apoiando também atividades culturais e sociedades desportivas. Como exemplo: D. Maria foi fundadora do Tênis Clube Paulista.

Temos aqui algo que, em fins do século XIX e inícios do século XX, acontecia nas famílias abastadas e sintonizadas na modernidade do hemisfério norte, ainda que vivendo ao sul e em peculiar convívio com a velha matriz econômica.

Mulheres dessas famílias ingressavam em atividades que iam além da vida caseira e do cuidado familiar, encontrando novos espaços de atuação.

Isso também diz respeito à educação formal – as chamadas “escolas normais” – e ao domínio intelectual do que hoje chamamos de “ciências humanas”.

Maria Paes de Barros era uma apaixonada pela história. No ano de 1932, já nos tempos de sua maturidade, teve publicado um livro – História do Brasil -, que alcançou reconhecimento entre seus pares, uma vez que era membro do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo (IHGSP) e de outras instituições congêneres no Brasil e no mundo.

Seu segundo livro, No tempo de dantes, publicado em 1946, tinha prefácio de Monteiro Lobato e introdução escrita por Caio Prado Júnior. 

Quanto ao histórico protestante, Vicente Themudo Lessa nos informa (em sua obra magna – Anais da 1ª Igreja Presbiteriana de São Paulo) que Maria Paes de Barros professou sua fé em 3 de junho de 1888, tornando-se membro da Igreja Presbiteriana de São Paulo.

Suas irmãs Elisa e Felicíssima já eram membros da mesma igreja.  

Na oportunidade, Maria Paes de Barros apresentou seus filhos para o batismo.

Nesse contexto eclesiástico, empreendeu suas atividades com o mesmo interesse e empenho.

Foi uma das fundadoras e benemérita do Hospital Samaritano, a primeira obra evangélica do gênero na cidade.

Ajudou a manter seminaristas em seus estudos. Presidente da Sociedade de Senhoras da Igreja Presbiteriana de São Paulo, liderou campanhas pró-construção do edifício do Seminário Presbiteriano que foi erguido na Rua Maranhão.

Gertrudes, uma das filhas de D. Maria Paes de Barros, casou-se com o filho do Rev. Eduardo Carlos Pereira, o Dr. Carlos Pereira de Magalhães, que era engenheiro.

O casal teve importante participação no estabelecimento de obras sociais, educativas e de saúde na cidade de Anápolis, GO.

Rosalina, outra das filhas de D. Maria, casou-se com o Rev. Othoniel de Campos Motta, um dos ministros organizadores da IPI do Brasil. Rosalina foi uma senhora muito dedicada, líder do trabalho feminino no âmbito da IPI do Brasil e, depois, na Igreja Cristã de São Paulo.

D. Maria Paes de Barros faleceu em 11 de setembro de 1951, aos 101 anos, sendo sepultada no jazigo da família no Cemitério da Consolação em São Paulo.

O retrato a óleo que o Dr. Cristiano Pereira de Magalhães doou ao nosso Museu é assinado por Colette Pujol (1913-1999), renomada artista plástica paulista com formação em desenho e pintura nas cidades de Paris e São Paulo.

Colette Pujol foi professora da Escola de Belas Artes de São Paulo e participou com suas obras de dezenas de exposições de arte no Brasil e no exterior.

Na cerimônia de entrega do retrato ao Museu, além do doador, estavam presentes outros descendentes e familiares de D. Maria Paes de Barros:

• Dr. Flávio Pereira de Magalhães (neto de dona Maria) e sua esposa, Ilidionete Magalhães;
• Dr. Carlos Pereira de Magalhães Neto (bisneto de D. Maria);
• Leda Magalhães Oliveira e Vera Helena Pereira de Magalhães Leal (bisnetas de D. Maria).

Estavam presentes também os Revs. Sérgio Gini (presidente da Assembleia Geral da IPI do Brasil), Wellington Barboza de Camargo (secretário geral da igreja), Nilson Shoguen Dakuzaku (tesoureiro da IPI do Brasil), Gerson Correia de Lacerda (da Comissão de História e Museu da IPI do Brasil e editor de O Estandarte), Éber Ferreira Silveira Lima (curador do Museu e Arquivo da IPI do Brasil), bem como Sheila Amorim (editora da revista Vida & Caminho e membro da equipe de O Estandarte).

Usaram da palavra os Revs. Sérgio, Éber e Gerson, em agradecimento à doação da preciosa tela, bem como o Dr. Cristiano e os demais descendentes de D. Maria Paes de Barros ali presentes.

Foi um momento especial de enlevo e de gratidão a Deus por toda essa memória valiosa, que inspira a igreja em sua caminhada.

Para a IPI do Brasil, a proximidade da igreja com as famílias de nossos fundadores, patriarcas e matriarcas – pessoas de tão alta conta e respeito como D. Maria Paes de Barros – é essencial para que a nossa missão prossiga, consciente de suas origens e propósitos.