Vida Prática

REV. JONAN JOAQUIM DA CRUZ: UM EXEMPLO DE VIDA CRISTÃ A SER SEGUIDO

O Rev. Jonan Joaquim da Cruz foi um ícone da IPI do Brasil, com destaque na Região Nordeste e com atuação mais localizada e profícua no estado de Sergipe.

Filho do missionário José Joaquim da Cruz, nasceu em 3 de fevereiro de 1924, na cidade de João Pessoa, PB, onde a família comungava na Igreja Presbiteriana do Brasil.

Nas andanças do seu pai na condição de missionário – Cabedelo, PB; Belém e Bragança, PA; e Pão de Açúcar, AL – o adolescente Jonan Joaquim da Cruz fez sua profissão de fé na IPI de Pão de Açúcar perante o Rev. Sebastião Gomes Moreira.

O caminho para preparação ao seminário foi rápido.

Já em 1942, foi encaminhado ao Seminário Presbiteriano do Norte, onde ficou até 1944.

Foi transferido naquele ano, juntamente com o seu amigo de toda uma vida, Adiel Tito de Figueiredo, para a Faculdade de Teologia da IPI do Brasil, em São Paulo, SP.

A sua licenciatura aconteceu em 1946, tendo sido designado para cumprir essa etapa na IPI de Salvador, BA.

A ordenação ao Ministério da Palavra e Sacramentos aconteceu no dia 6 de fevereiro de 1947, na IPI de São Luís, MA.

A trajetória eclesiástica do Rev. Jonan Joaquim da Cruz, apesar de se mostrar diversa no início do ministério, se concentrou, em seguida, na IPI de Aracaju, que ele pastoreou por longos 31 anos.

Segue lista das igrejas por ele pastoreadas:

  • IPI de Cabedelo, em seu estado natal, Paraíba;
  • IPI de Recife, no Estado de Pernambuco;
  • IPI de Belém, no Pará, onde permaneceu até 1951;
  • IPI de Salvador, no estado da Bahia, onde permaneceu de 1951 até 1957. No estado da Bahia, contraiu matrimônio com Estherlinta de Argolo Ferrão Costa.O casal teve dois filhos, Paulo Fernando e Tânia Mara.
  • Em 1958, foi designado para assumir o pastorado na IPI de Aracaju, onde permaneceu até o final da sua vida.

Nessa igreja, alcançou o seu tempo mais produtivo de ministério. Mesmo vinculado à IPI de Aracaju, exerceu, simultaneamente, o pastorado de outras igrejas, no âmbito do estado de Sergipe, seja na condição de pastor comissionado ou jubilado.

No ano anterior à sua chegada à IPI de Aracaju, houve, nessa comunidade, um grande movimento chamado de “despertamento espiritual”, que provocou a saída de grande número de fiéis, gerando o surgimento de uma nova igreja, denominada de Cenáculo de Oração, que, depois, se vinculou ao grupo pentecostal dos batistas no estado de Sergipe.

Por causa disso, a posse do novo pastor ocorreu em um ambiente mais harmonioso, o que facilitou o seu pastorado.

Para manter o clima harmonioso ou de aparente calmaria, era preciso, como disse o Rev. Jonan em documento de sua autoria, “não pressionar os pontos doloridos e deixar que a plena saúde do rebanho voltasse normalmente”.

“Não tocar nos pontos doloridos” passou a ser, e foi, uma espécie de mantra ao longo do seu ministério, no trabalho de pastorear igrejas. Foi essa a sua estratégia, sem, contudo, abdicar de tomar as decisões e marcar posição diante de problemas com maior gravidade.

A IPI de Aracaju, sob o pastorado do Rev. Jonan Joaquim da Cruz, cresceu. Novos grupos se formaram durante o seu pastorado à frente da IPI de Aracaju, tais como:

  • 2ª IPI de Aracaju, em 1968;
  • IPI de Boquim, em 1969;
  • 3a IPI de Aracaju, em 1977.
  • Um outro grupo, também fruto do trabalho da IPI de Aracaju, ficou pronto para ser transformado em igreja, fato que aconteceu anos depois, com a organização da 4ª IPI de Aracaju.

Em 1983, o Rev. Jonan recebeu o título de pastor emérito da IPI de Aracaju e, em 1989, sem maiores traumas, como era do seu feitio, passou às mãos do Rev. Onésimo Eugênio Barbosa o pastoreio da igreja à qual consagrou 31 anos da sua vida, na condição de pastor efetivo.

Abro, aqui, um parêntese para ressaltar que, após deixar o pastorado oficial da IPI de Aracaju, em 1989, na condição de Pastor Jubilado, foi amplamente reconhecido pelo Conselho, que honrou o seu profícuo ministério, com o devido apoio financeiro e de assistência médica, para que ele tivesse, ao final da sua existência, uma vida com dignidade.

Algumas das características do trabalho pastoral e eclesiásticos do Rev. Jonan, são:

  • excelência na organização dos seus fazeres;
  • assiduidade e pontualidade;
  • comprometimento com os concílios dos quais fez parte;
  •  dedicação à leitura diversa, a ponto de ser considerado um erudito, e ao estudo de inglês, como autodidata.

Em virtude do conhecimento da língua inglesa, chegou a ser convidado para trabalhar no governo de Sergipe, na década de 1980, para atuar como intérprete e tradutor.

Em outro momento, foi convidado para assumir o cargo de Diretor da Delegacia do Ministério da Educação em Sergipe. Nessas oportunidades, rejeitou os convites por considerar a primazia do ministério pastoral na sua vida.

O seu zelo, quando exerceu diversos cargos eclesiásticos, foi sempre motivo de elogio dos seus pares.

Enfatizo o seu trabalho como secretário permanente de sínodos e presbitérios, em um tempo em que as atas eram transcritas para livros próprios.

As atas, por ele transcritas e redigidas, eram um primor de grafia e de ortografia.

Nos concílios, demonstrava e praticava o respeito aos colegas. Sentava-se nas primeiras cadeiras e bancos, dispensando atenção total aos trabalhos, independentemente de quem estivesse presente, naqueles momentos.

Foi sempre um conciliador por excelência. Essa qualidade o incentivou na busca pela aproximação das diversas denominações instaladas em nosso estado de Sergipe.

Para ele, todos eram crentes, independentemente da denominação. Com esse pensamento, visitando e reunindo pastores, criou a União dos Pastores de Aracaju (UPA), no final da década de 1950 – que, depois, passou a ser denominada de União dos Ministros Evangélicos de Aracaju (UMEA) –, que foi o embrião para, anos mais tarde, se tornar a União dos Ministros Evangélicos de Sergipe (UMESE), em 1º de maio de 1986.

Pelo esforço de conciliação e aproximação interdenominacional por ele empreendido, merecidamente, recebeu o título de Patrono da UMESE.

Outras homenagens recebidas: Pastor Emérito, Patrono da UMESE, Cidadão Aracajuano, o seu nome é nome de uma avenida em Aracaju (Avenida Rev. Jonan Joaquim da Cruz). Além disso, uma cadeira da Academia Brasileira Teológica, secção Sergipe, foi designada de Cadeira Rev. Jonan Joaquim da Cruz.

O Rev. Jonan Joaquim da Cruz faleceu no dia 12 de maio de 2014, aos 89 anos.

Foi, em vida, totalmente comprometido com o evangelho, com a família e com a IPI do Brasil.

É possível afirmar que as homenagens recebidas ao longo da vida refletiram, sempre, o seu caráter e dignidade no exercício do seu ministério. Um exemplo de vida a ser seguido.

Jônatas Silva Meneses
Presbítero da 1ª IPI de Aracaju, SE

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