CRISTIANISMO E LINGUAGEM NÃO-VIOLENTA
Quando Salomão morreu, o reino foi dividido e a rivalidade surgiu entre os dois povos – judeus e samaritanos – mesmo tendo um passado comum tão extraordinário, gerando um histórico de intrigas, guerras e intolerância.
O Evangelho de João registra um dos diálogos mais comentados da Bíblia, entre um judeu e uma mulher samaritana. E é a mulher quem apresenta os motivos para o diálogo não dar certo e acabar em acusações, agressões e desrespeito recíprocos: ela era mulher de conduta duvidosa, samaritana, sozinha no poço em horário diferente do normal com um homem judeu.
Mas ela estava diante de um homem que mudaria sua vida. Aquele judeu era Jesus e deu um novo tom ao diálogo com a mulher samaritana. Palavras que ferem, acusam e matam não fizeram parte do diálogo.
Diálogo muito relevante para nossos dias. Jesus nos mostra três princípios para a pratica de um diálogo pacifico:
1) É preciso enxergar o outro em sua singularidade e particularidade
Ao olhar para a mulher, Jesus não enxerga apenas a mulher samaritana de conduta duvidosa. Jesus Cristo enxerga o ser humano sua vida e seus sofrimentos. Mesmo propondo mudanças no seu comportamento, conquistou o coração da samaritana.
2) É preciso ter empatia pelo outro
Empatia é a capacidade de se colocar no lugar de outra pessoa, buscando agir ou pensar da forma como ela pensaria ou agiria. Foi isso que Jesus fez, superando as atitudes de violência verbal e não verbal.
3) É preciso amar ao próximo como a si mesmo
Jesus, em seu diálogo mostra amor ao próximo. Aquela mulher sentiu-se incomodada quando Jesus lhe dirigiu a palavra. Ele, porém, mudou o curso da conversa. Jesus mostrou a ela que é possível dialogar com o ‘diferente,’ sem agressão e violência.
O contexto da sociedade pós-moderna é de intolerância, ameaça, rivalidade, com todos querendo impor sua opinião e prevalecer sobre o outro. A violência verbal tomou proporções absurdas, em especial estimulada pelas redes sociais, alcançando muitas vezes a própria igreja e seus integrantes.
Segundo o site O Portal, “a violência verbal é um comportamento agressivo, caracterizado por palavras danosas, que têm a intenção de ridicularizar, humilhar, manipular e/ou ameaçar. Assim como acontece com a violência física, este tipo de agressão afeta significativamente a vítima, causando danos psicológicos brutais e muitas vezes irreparáveis. A violência verbal anda lado a lado com a violência psicológica, já que a segunda é uma consequência da primeira”.[1]
Nesse contexto, o diálogo de Jesus é um exemplo relevante e atual. É necessário baixar o tom de voz, repensar as palavras usadas e agir como discípulos de Jesus. Se quisermos viver como sal e luz dessa terra e resplandecer a glória do Rei, é mister retomarmos as Sagradas Escrituras e em especial aos evangelhos.
É necessário que os discípulos de Jesus vivam intensamente os ensinos do seu Mestre. Paulo nos orienta que o discípulo de Jesus é chamado para ser um pacificador: “Se possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os homens (Rm 12.18)”.
Vários sãos os textos que nos alertam sobre nossa responsabilidade como cristãos de contribuirmos para mudar essa linguagem de violência: “Palavras agradáveis são como favo de mel (Pv 16.24).”; “A língua dos sábios adorna o conhecimento (Pv 15.2)”, ou “A resposta branda desvia o furor” (Pv 15.1).
Nossa oração deve clamar para que o Espírito Santo nos ensine a viver em paz com todos. Ele vai nos orientar a sermos testemunhas de Jesus.
Como discípulos, sigamos o exemplo do nosso Senhor e Mestre: vamos orar e agir para mudar as circunstâncias, gerando a linguagem do amor ao invés da violência, a linguagem da paz, da paciência, da mansidão, do domínio próprio, da ternura, da bondade.
[1] Site Internet. bccoaching.com.br/portal/o-que-e-violencia-verbal/. Acessado em setembro de 2021.
Reva. Ieda Cristina Dias de Souza Rebouças
Pastora da IPI Vitória da Conquista, BA