JUVENTUDE E TEOLOGIA SÃO DUAS FORÇAS RENOVADORAS
Creio que existe uma singularidade muito grande quando falamos de juventude e teologia. Pense comigo: não há teologia sem Bíblia, e a Palavra de Deus é “mais atual que o jornal de amanhã”, já dizia Billy Graham. Lembre-se: “Os céus e a terra passarão, mas a minhas palavras jamais passarão”. Foi isso que disse Jesus. A juventude representa a renovação da sociedade, seus paradigmas, suas tecnologias, etc. Imagine agora o poder da Palavra que renova todas as coisas juntamente com a força revigorante da juventude. É algo incrível! Tanto a teologia cristã quanto a juventude são elementos que renovam uma sociedade, deixando-a saudável e humana.
Creio que o relacionamento entre juventude e teologia não é uma utopia, mas algo real, possível e já aconteceu. Está explícito na Bíblia. Por exemplo, Timóteo. O jovem discípulo de Paulo aprendeu aos pés do apóstolo o saber teológico, a boa doutrina. Foi designado para ajudar Paulo no pastoreio de igrejas. Lembramos também de Davi. Não me refiro ao grande rei que ele se tornou, mas ao jovem pastor de ovelhas que experimentava a teologia do bom pastor: “Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte não temerei”. Esse testemunho era fruto dos seus dias no campo, onde Deus o livrara da morte em meio às feras que ali habitavam. Uma teologia vivencial, oriunda das histórias narradas pelo seu pai, Jessé, e degustadas em seu dia a dia. Outro exemplo é Daniel e seus amigos, que provaram sua fé até às últimas consequências na Babilônia. Fé teológica, aprendida nas terras de Israel, com histórias que diziam que devemos ser fiéis ao único Deus. Isso é teologia na prática.
Segundo a Palavra de Deus, juventude e teologia não são apenas conhecimento, mas vivência. Isso não é apenas possível, mas também necessário. A boa teologia deve ser colocada em prática sem restrições e sem contraindicações de idade.
Paulo, em carta ao jovem Timóteo, diz: “Ninguém despreze sua mocidade”. Essas palavras de Paulo ecoam em meu coração, mas com receio. Tenho a impressão que a juventude e a adolescência, na maioria das vezes, têm sido associadas à irresponsabilidade, à imaturidade e a outras características que depreciam tais fases da vida, dentro da instituição igreja. Concordo que pode ocorrer casos que justifiquem tais depreciações, mas eles não chegam ser a maioria. O que me incomoda é que o tráfico de entorpecentes investe na juventude; as ideologias partidárias e seitas religiosas intensificam seus ensinos, incentivando as novas gerações a viverem e propagarem suas crenças. A pergunta que grita é: Nós, como igreja do Senhor, temos feito a nossa parte? Temos investido e contribuído para que os jovens expressem sua fé, não somente ensinando, mas também incentivando para que nossa juventude tenha uma fé pública, experimental e vivencial, não somente teórica, mas, de fato, na prática?
De tantos encantos que a Palavra de Deus tem, para mim, o que me deixa com brilho nos olhos são exemplos bíblicos sobre a relação jovem e fé, jovem e teologia. Existe uma palavra que devemos usar em nossos dias. Referimo-nos ao protagonismo. Quantos exemplos bíblicos temos de histórias em que jovens foram protagonistas da fé em Deus? Jovens que estavam no centro de histórias que solidificam a fé do povo de Deus. Testemunhos que convenceram reis poderosos e a muitos que acompanhavam os fatos.
Saber e não realizar não muda a vida de ninguém. Há uma preocupação desde a concepção da Teologia Reformada do alinhamento entre fé e educação. Contudo, aquilo
que é aprendido deve ser posto em prática. Em nossas igrejas, pode ocorrer algo perigoso. Para a criança, oferecemos várias atividades, tais como: corais, teatros, apresentações. Mas vai passando o tempo e chega a adolescência. Tempo instável, confusão de ideias. E, por conta disso, infelizmente, adolescentes e jovens por vezes são deixados de lado. Seja por falta de irmãos dispostos e capacitados para trabalhar com eles ou apenas por abandono mesmo. Não há quem os escute. Por vezes, a comunicação não os alcança. Não é incomum ver adolescentes no fundo do templo em “rodinhas”, não muito interessados no culto.
“Um adolescente desinteressado é um embrião de um
jovem fora da comunidade de fé.”
Não deve ser assim! Nem sentido faz! O período da adolescência e da juventude, quando a mente está focada no aprendizado intelectual, é a melhor hora para ensinarmos a boa doutrina, a teologia sadia, pautada na pureza e clareza da Palavra de Deus. E não somente ensinar, mas dar abertura à manifestação desta teologia, através da vida dos jovens e adolescentes. Isso é propiciar o protagonismo. Em uma fase em que o círculo de amizades é imenso, ao contrário do que ocorre com as pessoas mais experientes que, com o passar do tempo, vão diminuindo o leque de pessoas íntimas, é hora de potencializarmos, como igreja, essa capacidade natural existente.
Dois pontos essenciais para uma renovação são os seguintes: mente pronta para o conhecimento e relacionamentos para a propagação do evangelho.
É claro como a luz do meio dia que juventude e teologia têm tudo em comum. A boa teologia glorifica a Deus e edifica o ser humano. A juventude e a adolescência são como combustíveis altamente inflamáveis que impulsionam a pregação do Reino!
Indicamos três sugestões que podemos utilizar para incentivar jovens e adolescentes à dedicação ao estudo da teologia:
1) Comunicação eficaz
Comunicar é criar identificação, relacionamento, entre o que está sendo proposto e o público alvo. É perfeitamente possível criar um link entre nossa juventude e nossa adolescência com nossa a teologia. Infelizmente, quando se ouve a palavra “Teologia”, o que vem à mente da maioria dos nossos jovens é a de que se trata de algo aborrecido, cansativo, retrógrado. É compreensível essa impressão. Pode ser que nossa comunicação acadêmica, com um linguajar pouco usado ou nunca usado pelos mais novos, gere esse afastamento. Comunicar a teologia em uma linguagem clara e inteligível às novas gerações não é fácil, mas é vital.
2) Entender a necessidade atual
Em qualquer fase da vida, temos questionamentos, mas, na transição da infância para a vida adulta, eles são mais intensos. A Bíblia nos fornece resposta para todas as coisas. A teologia organiza isso, desde o sentido da vida a como gastar o dinheiro. Como temos apresentado a teologia? Algo que responde aos anseios contemporâneos ou algo ultrapassado? A teologia não tem resposta para tudo, mas, para as crises existenciais das novas gerações, suas respostas são satisfatórias.
3) Investimento humano
Quantos jovens ou adolescentes pregam em sua igreja ou dão aula? Será que não tem nenhum ou nunca foi perguntado se alguém se interessa por isso? Já está embutido em nossa mente que jovem e adolescente não gostam de teologia. Isso é perigoso! Com o avanço das redes sociais, muitas denominações têm investido na vida de influenciadores digitais que propagam sua teologia. Nossos jovens têm seguido tais personalidades. Nossa denominação é um celeiro de talentos. Talvez em sua igreja haja alguém com potencial. Que tal pesquisar e, se houver, investir?
Temos jovens dispostos, compromissados e sedentos por uma mensagem que faça sentido para suas demandas, inteligível a eles e que renove suas esperanças.
Juventude e teologia são duas forças renovadoras. Jovens de Deus usando a Palavra para transformar o mundo. Sonho ou realidade? Depende muito de nós. Eu creio em nossa geração de jovens e adolescentes. O mesmo Espírito de poder que operou na vida de Jesus é o mesmo que opera na vida da mocidade.
A boa teologia renova nossas esperanças e a juventude bíblica, teológica, renova a igreja!
Avante, na força do Espírito Renovador!
Rev. Éder Jone de Souza
Pastor da IPI de Ipaussu, SP,
Secretário de Adolescentes (GTI)