O mundo e o reino

O MUNDO E O REINO – abril/2020

O mundo e o Reino é uma seção do jornal O Estandarte que procura atualizar os nossos leitores e assinantes sobre as últimas notícias do mundo cristão.

Lutero: renegado e profeta

Martinho Lutero: Renegado e Profeta (Editora Objetiva, 2020, 568 páginas)

Ao que tudo indica a recente publicação do livro Martinho Lutero: Renegado e Profeta candidata-se a ser considerada um trabalho quase definitivo na bibliografia a respeito de Martinho Lutero, escrita por uma famosa historiadora australiana e professora universitária, Lyndal Roper. Deve ser classificada como a mais completa obra sobre o reformador e a Reforma a chamar a atenção de muitos, não só no mundo religioso cristão. Certamente resulta dos esforços feitos para a devida comemoração dos 500 anos da Reforma Protestante – uma pesquisa profunda sobre o mais notável dentre os reformadores do século XVI, nos inícios da Idade Moderna. Embora Lutero tenha sido um homem com muitos defeitos (antissemita, antifeminista?), ele não só ocasionou uma divisão na igreja, mas convocou-a para a reforma contra abusos e a renovação bíblica. Enfim, ao lado de outras pessoas da renascença, mostrou ousadia para a quebra de padrões estabelecidos e a renovação bíblica da Igreja Cristã. Apontou para novos horizontes de pensamento também na cultura, que haveriam de favorecer novos caminhos no mundo ocidental.


Burkina Faso: evangélicos atacados e mortos

Burkina Faso (Uagadugu) é um pequeno país no oeste da África onde os cristãos têm sido vítimas de uma onda de perseguição, com inúmeros ataques, mortes e sofrimento para testemunhar a sua fé. Pelo menos 24 pessoas foram mortas e 18 ficaram feridas por jihadistas fanáticos islâmicos em uma igreja evangélica na cidade de Pansi, conforme informações do governo local. Segundo o jornal português Correio da Manhã, 20 militantes invadiram o templo, separaram homens e mulheres, e mataram todos os homens. Em seguida, o templo foi incendiado. Atuam ligados ao Estado Islâmico, que tenta controlar o interior do país, alimentando conflitos étnicos e religiosos. Muçulmanos, pastores e padres têm sido vitimados.

Fonte: AFP e Reuters. Folha, 17/2/2020


Alemanha: uma Igreja viva e hospitaleira

Durante a semana, o salão da Igreja de St. Leonhard em Stuttgart é ocupado de outra maneira (Foto: ELK-WUE / Monika Johna)

Igrejas luteranas alemãs, chamadas igrejas-vésperas, adotam como prática abrir as portas no inverno para acolher pessoas necessitadas de assistência material e espiritual. São carentes, independentemente de sua condição e status social, acolhidas em um programa de atendimento que vem ocorrendo desde o ano de 1995. Em Stuttgart, por exemplo, cerca de 800 voluntários atuam não só oferecendo comida, mas também o calor humano tão necessário nessas condições. Igrejas há que, como a de St. Leonhard, fornece cerca de 600 refeições diárias, promove reuniões de oração, consultoria diaconal, oferta de empregos e até eventos culturais. Para o bispo Frank Otfried July, da Igreja Evangélica Luterana de Württemberg, “não é fácil encontrar em outros lugares tantas pessoas interagindo em um mesmo ambiente. Esta é a igreja que imaginamos: um lugar vivo e hospitaleiro, em que as pessoas estão ali umas pelas outras, conversam, escutam, confortam, encorajam-se mutuamente. Uma igreja que quer chamar a atenção para a exclusão e se esforça pelo respeito recíproco e participação recíproca”.

Fonte: IHU, 29/2/2020/ L´Osservatore Romano, 28/2/2020


Ameaça à Igreja: um catolicismo mais centralizado

Para o padre e teólogo católico, José Maria Castillo, a maior ameaça para a Igreja Romana hoje não é um cisma, mas o “aumento do poder dos clericalistas”. O favorecimento a esta prática atualmente pode ter sido estimulado pelo papa João Paulo II, em 1978, que, ao desconsiderar reformas do Concílio Vaticano II (1962-65), favoreceu a nomeação de bispos mais conservadores, com o propósito de fortalecer um catolicismo “mais centralizado”. A eleição do papa argentino Jorge Bergoglio (Francisco), em 2013, mudou esse quadro e, nos últimos sete anos, foi possível a volta de teólogos antes marginalizados. No entanto, a resistência às medidas de Bergoglio ainda são fortes entre bispos e cardeais preocupados com seus privilégios clericalistas, que lutam por uma volta ao passado. Além disso, são contrários ao papa Francisco pelo fato de ele ser por demais aberto em relação às questões ambientais. Tal resistência seria uma das razões que levaram Francisco a “não mencionar em sua recente Exortação sobre a Amazônia a questão dos padres casados e das diaconisas”. Para Castilho, foram os interesses dos clericalistas que predominaram e não “a carência
de centenas de milhares de cristãos que vivem desamparados na imensa Amazônia”,
sem atendimento pastoral e sem a eucaristia. E conclui: “É de suma importância deixar muito claro que essa situação só será resolvida quando forem tomadas duas decisões, que são cada vez mais prementes: 1) a ordenação presbiterial de homens casados; 2) o estabelecimento na igreja a igualdade de direitos para mulheres e homens”.

Fonte: IHU, 24/2/2020/ R. Mickens, La Croix International, 20/2/2020

Rev. Eduardo Galasso Faria
Pastor Jubilado
Professor da Faculdade de Teologia de São Paulo da IPI do Brasil (FATIPI)

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