Ministério da Comunicação

O DESAFIO DA COMUNICAÇÃO ASSERTIVA

Viver é igual dirigir carro.

Quem está no volante, sabe – na maior parte das vezes – qual o caminho que precisa ser tomado. Sabe quando precisará fazer uma conversão à esquerda ou direita. E é aí, que a vida se parece muito com dirigir carro.

Se o motorista está em uma via e precisa fazer uma conversão à direita, daqui a duas quadras, quando ele está próximo da rua em que precisa entrar, aciona a seta de direção para baixo, indicando que virará à direita…

Só que não…

Nem sempre os motoristas indicam para qual direção estão se encaminhando. Simplesmente diminuem a velocidade e viram à direita ou à esquerda – tal qual uma revolução francesa automobilística – girondinos ou jacobinos.

Uma questão que precisa ser ensinada nas autoescolas, é que a seta de direção não é para o motorista, mas para sinalizar aos outros qual a direção eu estou tomando, para onde eu estou me dirigindo. É sinal de respeito e educação.

E é assim na vida de muitas pessoas, principalmente na comunicação.

Vamos nos relacionando aos trancos e barrancos, sendo abalroados, porque não sinalizamos qual a direção que estamos dispostos a tomar. Vejo isso de maneira muito clara, nos relacionamentos familiares. Pessoas que ficam chateadas com os seus cônjuges, mas não verbalizam, não sinalizam, para evitar a fadiga – como diria o personagem Jaiminho, do seriado infantil Chaves. Em outros casos, pessoas que não sinalizam aos outros os limites que precisam ser estabelecidos em uma relação e sofrem, por não conseguirem se posicionar.

Muitos desses casos, são movidos por medo – de machucar o outro, de magoar ou de ser agressivo. Em outros casos, quando as pessoas se manifestam de uma forma intensa e violenta, o risco de acidentes é igualmente grave!

Em ambos os casos, precisamos aprender a desenvolver uma comunicação não-violenta, ou assertiva. Usar as setas de direção nos nossos relacionamentos.

A comunicação assertiva é a expressão verbal do que pensamos e sentimos, para as pessoas, de uma forma firme e respeitosa. Quando aprendemos a nos comunicar de maneira assertiva, aprendemos a ouvir e respeitar o que o outro pensa e diz. Para ser assertivo, precisamos, em primeiro lugar, aprender a identificar as nossas emoções.

Há uma diferença interessante entre as emoções e os sentimentos. As emoções são reações químicas que acontecem no cérebro humano como resposta a algum estímulo fora da gente. Por exemplo: uma situação de rejeição ou frustração serve de estímulo para um processo químico que acontece no cérebro, com a liberação de hormônios do estresse, como cortisol, por exemplo. O cortisol diminuiu a serotonina (esse é o hormônio que faz você feliz). Uma diminuição na serotonina pode fazer você sentir raiva e dor com mais facilidade, bem como aumentar o comportamento agressivo e até mesmo levar à depressão! Esse é o processo da emoção ao qual damos o nome do sentimento: raiva.

Nós não temos o controle sobre as nossas emoções, mas podemos controlar os nossos sentimentos. Os sentimentos têm a ver com que fazemos com as nossas emoções. É o Paulo descreveu aos efésios: “Quando vocês ficarem irados, não pequem. Apaziguem a sua ira antes que o sol se ponha” (Ef 4.26). Não é pecado ter a emoção da raiva ou da ira. Pecado é o que a gente faz a partir dessa experiência. Pecado, neste caso, é a gente explodir agressivamente ou “engolir sapo” passivamente porque, nos dois casos, não estamos apaziguando a ira.

Uma vez que identificamos as emoções e os sentimentos, aprendemos que os outros não são culpados pelo que sentimos. Quando falamos, por exemplo: “eu estou magoado”, estamos assumindo que o sentimento da mágoa é nosso, não do outro. Não conseguimos mudar o que as pessoas fazem ou falam, mas podemos mudar a nossa forma de reagir a tudo isso. É o que Jesus nos ensinou: “A boca fala do que está cheio o coração. O homem bom do seu bom tesouro tira coisas boas, e o homem mau do seu mau tesouro tira coisas más” (Mt 12.34-35).

Uma comunicação assertiva evita que a gente caia no mesmo erro do Éden – culpabilizar os outros por nossas atitudes. Pelo contrário, em vez de dizer: “Você é estúpida”, a comunicação assertiva permite dizer: “Quando você fala dessa maneira, eu me sinto atacado”. Paramos de julgar as pessoas em nossas falas e passamos a tratar o que precisa ser tratado – os comportamentos que estão causando algum tipo de dor ou desconforto. Antes que eu me esqueça, permita-me ser assertivo com você… Lembre-se de indicar para onde você está se dirigindo. Use as setas de direção – no trânsito e nos relacionamentos.


Rev. Eugênio Anunciação
Pastor da IPI de Mogi das Cruzes, SP
Ministro da Comunicação da IPIB

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