SOMOS FAMÍLIA – CINCO AÇÕES NA EDUCAÇÃO DE FILHOS
A pandemia nos colocou diante de muitos desafios, tanto no trabalho quanto em casa. E um dos maiores desafios foi auxiliar na educação dos filhos em casa. Aquele papel que a escola desempenha na formação intelectual das crianças e que a igreja cumpre na sua formação espiritual não pôde mais seguir seu curso normal.
Assim, nós pais tivemos que mobilizar nossos recursos e improvisar maneiras de ajudar a escola e a igreja nas suas tarefas. E, de fato, fizemos tudo meio que improvisados, pois fomos pegos de surpresa e não estávamos preparados para essa realidade.
O bom de tudo isso foi que, bem ou mal, tivemos de aprender a lidar com a situação e nos saímos relativamente bem.
Além disso, todo este improviso na educação de filhos acendeu um alerta no seio da família, que transformamos em uma pergunta crucial: Como podemos melhorar a educação de nossos filhos, principalmente a educação espiritual?
A partir dessa pergunta, queremos propor um programa de educação espiritual para desenvolvermos ações concretas na educação de nossos filhos. São cinco ações que vão nos ajudar a melhorar a formação das crianças e adolescentes.
Essas cinco ações englobam cinco pontos importantes de um programa para educação dos filhos, que são: objetivos, conteúdos, metodologia, vivência e avaliação.
O nosso texto base para tal programa em cinco etapas é Provérbios 1.1 a 7. Vamos seguir o que ele nos diz.
Primeira Ação: Estabeleça os objetivos
Isso é sobre uma educação com propósito, que responde à pergunta “para que”.
Para que nós educamos nossos filhos? Com que finalidade?
Segundo o texto de Provérbios, nosso esforço deve ir em direção a uma educação esclarecida (Pv 1.3). Esclarecida, aqui, quer dizer, acertada, como traduz a Bíblia do Peregrino. E como oferecer uma educação acertada senão torná-la o mais intencional possível?
Por toda a Bíblia podemos ler que o fim da instrução do Senhor é tornar as pessoas “perfeitas”. Na linguagem do Antigo e Novo Testamentos, perfeito é alguém completo, conforme Deuteronômio 18.13 e Mateus 5.18. Na linguagem de Paulo, ser perfeito é ser amadurecido (1Co 14.20).
Especialmente em Provérbios, o objetivo da educação é tornar as crianças e os jovens pessoas justas e retas, que andam no caminho correto. Em uma palavra, íntegra.
Lembre-se disso: para Deus importa o ser da pessoa e não o que ela aparenta ser, pois “O Senhor não vê como o homem: o homem vê a aparência, mas Deus vê o coração” (1Sm 16.7).
Uma vez que estabelecemos como objetivo educar de nossos filhos para a integridade, quais os conteúdos que devemos selecionar para alcançar esse objetivo?
Segunda Ação: Selecione os conteúdos
Isso é sobre uma educação para a integridade, que responde a questão “o que”.
A segunda ação se encontra também no verso 3: “para proporcionar uma educação esclarecida: justiça, equidade, retidão”. Esses três conteúdos, “justiça, equidade e retidão”, nós chamamos de a tríade sapiencial. Eles compõem a formação de uma pessoa justa, íntegra ou reta.
O primeiro conteúdo, a justiça, é aquilo que é correto e honesto de se fazer. Por exemplo, o modo de falar de uma pessoa íntegra é medido pelos critérios de justiça e retidão, como vemos em Provérbios 16.13: “O favor dos reis vai aos lábios justos; eles gostam dos que falam com retidão”. Aqui estamos no âmbito político. E vamos combinar: qual sistema político não precisa de pessoas íntegras, que falam com justiça e retidão?!
O segundo conteúdo, a equidade, é a decisão do julgamento, isto é, a capacidade de julgar, de estabelecer um juízo acerca de pessoas, eventos e coisas.
O contexto geral do uso deste conteúdo em Provérbio são os processos judiciais e a administração da justiça nas disputas legais.
A pessoa formada com este conteúdo é capaz de agir segundo esta palavra: “Não é certo reabilitar o mau, prejudicando, no julgamento, o justo” (Pv 18.5).
O terceiro conteúdo, a retidão, é manter o caminho nivelado e reto, ou seja, andar na vereda da verdade e retidão. Um exemplo sensacional deste conteúdo nós encontramos nos lábios da própria Sabedoria em Provérbios 8.6 a 8. Dê uma conferida no texto.
Justiça, equidade e retidão são os três conteúdos que você deve selecionar para instruir seus filhos para o alvo da integridade.
E como fazer isso na prática? Qual é o caminho para ensinar estes conteúdos? Existe uma metodologia própria?
Terceira Ação: Escolha uma metodologia
Isso é sobre uma educação por competências, que responde à questão “como”.
No texto que estamos estudando (Pv 1.1-7), encontramos o caminho a seguir, uma metodologia para que alcancemos o alvo da educação para e integridade.
Observe que a palavra “para”, que indica finalidade, é repetida nada menos do que 5 vezes (versos 2 [2 vezes], 3, 4 e 6). Cada uma dessas cinco ocorrências da preposição “para”, indicam uma competência que a criança deve alcançar.
É claro que essas competências incluem as habilidades também, pois de nada adianta uma pessoa saber explicar (competência) senão souber aplicar (habilidade).
Temos que ter em mente, também, que essas competências enumeradas no início de Provérbios dizem respeito à formação de uma pessoa íntegra, pois este é o propósito da instrução do Senhor.
É importante dizer, ainda, que cada competência deve ser alcançada antes que se possa passar para a seguinte.
E como se dá o processo de educação por competências? Como funciona isso?
Quarta Ação: Aplique na prática
Isso é sobre uma educação para vivências, que responde à questão “quando”.
Apesar das competências apresentadas em Provérbios 1. 1 a 7 parecerem teóricas, elas, na verdade, resultam nas habilidades correspondentes. Isto quer dizer que para a competência de “compreensão do provérbio e da palavra figurada, das máximas dos sábios e de seus enigmas” (verso 6), a habilidade correspondente é a capacidade de interpretar as questões propostas pela vida, ler nas entrelinhas e sacar os pressupostos que estão por trás de argumentos, ideias, comportamentos. etc.
Como criar uma vivência com os filhos?
Um exercício prático pode ajudar. Quando vocês estiverem almoçando ou jantando, peça para sua filha dividir, de forma justa, o bife ou a sobremesa. Deixe-a dividir como ela quiser. Depois que ela dividir, diga que como ela dividiu, alguém vai escolher uma parte primeiro. Se ela dividiu em partes iguais, não vai se importar que outra pessoa escolha primeiro, mas se dividiu em partes desiguais, pensando em comer a porção maior, ela vai ficar, talvez, contrariada.
Aí está uma vivência simples capaz de ensinar princípios de equidade e habilidades de partilha, características de uma pessoa íntegra.
E como avaliar o progresso do programa?
Quinta Ação: Realize uma avaliação
Isso é sobre uma educação com motivação, que responde à questão “porque”.
O programa de ações que estamos propondo é um processo contínuo, como podemos ler no verso 5 do nosso texto base: “Que o sábio escute, e aumentará seu cabedal; e o homem que entende aprenderá a arte de dirigir”.
O que chamamos de avaliação é uma permanente motivação explicativa do porquê a criança deve se empenhar no programa de formação. E a motivação é o “Temor do Senhor” que, em Provérbios, é apresentado como: “aborrecer o mal, a soberba, a arrogância e o mau caminho” (8.13; 16.6); fonte de vida e evita laços da morte (14.27; 19.23); preservar todo dia, sem inveja (23.17); é a instrução da sabedoria (15.33).
Essas são as cinco ações para implementar na educação dos filhos em família.
Afinal, somos família.
Rev. José Roberto Cristofani
Secretário de Educação Cristã da IPIB