DIACONIA NA MISSÃO PELA VIDA COM FOCO NA SAÚDE MENTAL
À medida que avançamos em um futuro de constantes mudanças, as relações sociais se tornam mais frágeis, fugazes e maleáveis, difundindo -se em relações líquidas, conforme identificado nos estudos do sociólogo Zygmunt Bauman.
As relações rasas, onde relacionamentos são substituídos por conexões que podem ser desfeitos a qualquer momento, permeiam as comunidades, desafiando as igrejas a se prepararem para a fragilidade dos laços humanos, que geram insegurança em todas as esferas , seja pessoal, profissional ou social.
O mundo líquido é dinâmico, exigindo que todos passem por reconfigurações. Muitos enfrentam dificuldades para lidar com esse processo, resultando em profundas desestabilidades emocionais, para as quais precisam de suporte.
Nesse contexto, a diaconia das igrejas precisa reconfigurar suas estratégias para enfrentar e se tornar suporte nos desafios contemporâneos da saúde mental, mantendo-se fiel à sua essência de amor e serviço.
A Organização Mundial de Saúde, em outubro de 2023, apontou que uma em cada oito pessoas em todo o mundo enfrenta questões de saúde mental, sendo as mulheres e os jovens os mais afetados.
Chama a atenção o fato de que três quartos dos afetados recebem tratamento inadequado ou ficam sem cuidados.
A expressão “saúde mental” refere-se ao estado geral de bem-estar emocional, psicológico e social de uma pessoa.
Uma boa sanidade emocional implica na capacidade de lidar com o estresse da vida diária, tomar decisões, trabalhar de maneira produtiva, manter relacionamentos saudáveis e contribuir para a comunidade.
Ressalta-se que a sanidade psíquica vai muito além da ausência de patologias do espectro neurológico, envolve aspectos positivos, como a resiliência, o autoconhecimento, a capacidade de lidar com desafios e manutenção de relacionamentos interpessoais saudáveis.
Na missão de promover a qualidade da saúde mental como expressão de amor no serviço cristão, a diaconia desempenha um papel crucial. Ela busca o bem-estar integral das pessoas, abordando não apenas suas necessidades físicas, mas também as questões relacionadas à saúde emocional, reconhecendo a interconexão entre a mente saudável com as condições sociais e espirituais.
Neste grande oceano de desafios que a igreja enfrenta diariamente, onde muitas pessoas passam por fases em que não encontram sentido para a vida e são desafiadas a viver imersas no vazio da própria existência, é nesse contexto que a igreja de Cristo possui uma missão extraordinária.
Temos a graciosa tarefa de desenvolver práticas que, por meio da missão integral, possam apresentar Jesus Cristo, que veio para dar vida, e vida em abundância.
Um papel essencial que a igreja pode desempenhar é: trabalhar na construção de grupos reflexivos, contando com o auxílio de profissionais especializados; criar grupos para a prática de atividades físicas; implementar práticas de autocuidado; e a promoção da psicoeducação para superar preconceitos que impeçam as pessoas de buscarem ajuda, contribuindo para a formação de comunidades mais solidárias e resilientes.
Em situações mais complexas, é aconselhável procurar a orientação de profissionais da área de saúde mental, como psicólogos ou psiquiatras.
O cuidado com a saúde emocional é um tema que deve despertar interesse, especialmente entre pastores e líderes, pois compreendemos que aqueles que cuidam também precisam cuidar-se.
A diaconia na missão pela vida, com foco na saúde mental, representa um compromisso profundo com a promoção do bem-estar integral.
Ao reconhecer a importância da sanidade mental e agir de maneira compassiva e prática, a diaconia desempenha um papel essencial na construção de comunidades mais saudáveis e acolhedoras.
Uma saúde emocional equilibrada é crucial para a humanidade, proporcionando vida plena e capacidade de contribuir ativamente na sociedade.
Desta forma, apontamos para a necessidade contínua de incorporar abordagens diaconais na promoção da saúde mental, buscando um mundo onde todos tenham a oportunidade de viver plenamente.
Rev. Luciana Alves do Carmo
Pastora da IPI de Santa Rosa do Viterbo, GO, do Presbitério Distrito Federal, e psicóloga
