NA MISSÃO, PELA VIDA

Em um mundo permeado por desafios complexos e crises multifacetadas, a chamada para a missão transcende as fronteiras eclesiásticas, abraçando a totalidade da existência humana. “Na Missão, Pela Vida” não é apenas um slogan; é uma convocação divina para participar ativamente da restauração do tecido vital que une toda a criação.

A teologia da missão encontra suas raízes na própria natureza de Deus, o Doador da Vida. A criação é um testemunho vivo do amor divino, e a missão é a resposta humana a esse amor.

Em um mundo ferido mortalmente pelo pecado, a teologia da missão reforça que a vida é mais do que mera existência; é a expressão máxima da imagem de Deus em cada ser humano.

 A missão, então, é a colaboração humana com o divino na restauração dessa imagem, tanto espiritual (vida eterna) quanto materialmente (vida abundante).

Na busca por cumprir a missão pela vida, enfrentamos desafios interconectados.

A crise ambiental clama por uma abordagem ética e responsável em relação à criação.

As desigualdades sociais exigem uma ação justa e inclusiva, afastada das ideologias e fundamentada no Evangelho.

Questões éticas, como a dignidade humana e os direitos fundamentais, precisam ser abordadas com sabedoria e discernimento.

A missão não é desvinculada dessas questões, mas uma resposta da integralidade do Evangelho a elas.

Cuidando do rebanho: vida abundante no Espírito

A missão pastoral, no contexto de “Na Missão, pela Vida”, exige uma abordagem compassiva e inclusiva.

À medida que pastores orientam suas comunidades, a ênfase deve ser na compreensão da vida como um dom sagrado e na responsabilidade de proteger e nutrir esse dom. A pastoralidade moderna exige não apenas pregação inspiradora, mas também ação prática, buscando aliviar o sofrimento e promover a justiça em todas as esferas da vida.

E, nesse aspecto, o povo de Deus, que se reúne em nossas comunidades locais, deve buscar ter uma vida cheia do Espírito, marcada por sinais de vigor espiritual, alegria, singeleza, paixão missionária, convicção de pecados, manifestação dos dons e celebrações saturadas da presença do Senhor.

Uma comunidade cheia do Espírito busca uma conexão constante com Deus por meio da oração, meditação nas Escrituras e adoração.

O vigor espiritual é alimentado quando indivíduos e a comunidade como um todo se comprometem com uma busca diária da presença divina, resultando em uma vitalidade espiritual que se irradia em todos os aspectos da vida.

A alegria é um testemunho poderoso da presença do Espírito Santo. Ela transcende as circunstâncias e se manifesta na confiança em Deus. Uma comunidade cheia do Espírito se destaca por uma alegria contagiante que brota da certeza da redenção em Cristo e da esperança que Ele oferece.

A simplicidade e singeleza marcam uma comunidade cheia do Espírito. Despida de pretensões, a comunidade busca viver em humildade, reconhecendo a dependência constante de Deus. Essa atitude cria espaço para a obra transformadora do Espírito em cada coração.

O Espírito Santo incendeia uma paixão missionária que vai além das fronteiras da comunidade. A consciência da missão transcende a autossuficiência, levando a comunidade a se envolver ativamente na obra de proclamação do Evangelho, no serviço amoroso e na busca pela justiça.

Uma comunidade cheia do Espírito é caracterizada pela convicção de pecados. Não é um legalismo frio, mas uma sensibilidade espiritual que leva a uma confissão genuína, arrependimento e transformação contínua. Essa convicção é fruto do trabalho do Espírito que revela a beleza da santidade.

A diversidade de dons espirituais na comunidade é uma manifestação da graça do Espírito. Esses dons são usados para edificar, encorajar e equipar os membros, promovendo uma atmosfera de amor e serviço mútuo. A comunidade se torna um reflexo palpável da multifacética obra do Espírito.

As reuniões da comunidade se tornam celebrações vibrantes, encharcadas da presença do Senhor. A adoração é mais do que um ritual; é um encontro transformador com Deus. Cada momento na presença divina deixa uma marca indelével, inspirando, renovando e capacitando a comunidade para a missão.

Chamado missionário: Agentes de transformação

Em meio às complexidades da existência, as palavras de Jesus ressoam como um convite eterno à missão que transcende a superficialidade do cotidiano. Ele proclamou ser o Caminho, a Verdade e, notavelmente, a Vida (João 14.6).

Essa declaração não é apenas uma afirmação teológica; é um chamado para vivermos em sintonia com a essência divina, incorporando a missão de fazer discípulos e experimentar a vida em sua plenitude.

“Na Missão, pela Vida” convoca cada crente a se tornar um agente ativo de transformação. A missão transcende as paredes da igreja e se estende aos corações das comunidades e sociedades.

Somos chamados a ser luz e sal não apenas em palavras, mas em ações concretas que buscam preservar, restaurar e fortalecer a vida em todas as suas manifestações. A missão não é uma imposição, mas um convite para caminhar junto com Deus na redenção do mundo.

Ao mantermos o foco na missão de fazer discípulos, abraçamos a vida em sua plenitude. Jesus não apenas nos chamou para segui-lo, mas para compartilhar a vida que encontramos nele.

Que cada crente abrace essa missão com alegria, consciente de que, em fazer discípulos, não apenas comunicamos verdades, mas oferecemos a oportunidade de experimentar a vida abundante em Cristo – uma jornada que transforma a vida em missão, e a missão em vida abundante.

“Na Missão, pela Vida” é mais do que uma declaração; é um compromisso contínuo com a integralidade da Palavra de Deus.

Pastores, missionários e o povo de Deus são chamados a liderar pelo exemplo, a inspirar pelo serviço e a transformar através do amor.

Em um mundo que anseia por esperança, a missão pela vida é a encarnação do Evangelho, revelando o coração compassivo de Deus e demonstrando que, através de Cristo, a vida abundante é possível para todos.

Que cada passo dado em missão seja um testemunho vivo da graça redentora que busca restaurar, renovar e revigorar, verdadeiramente refletindo a missão de Cristo, que veio para que todos tenham vida, e a tenham em abundância (João 10.10).

Rev. Sérgio Gini
Presidente da Assembleia Geral da IPI do Brasil