Editorial

CHEIO DO ESPÍRITO

O texto de Atos, ao mencionar Estêvão, repete sempre que ele era “cheio do Espírito Santo” (At 6.5).

Essa é uma expressão clássica da Bíblia. Até hoje, é muito dita e ouvida. Mas o que significa estar cheio do Espírito Santo? Qual é maneira de viver do cristão cheio do Espírito Santo?

O texto de Atos 6 diz que “as viúvas dos helenistas estavam sendo esquecidas na distribuição diária” (At 6.1). O problema, porém, não era, simplesmente, de ordem material ou de distribuição de recursos. O problema era muito mais profundo.

Naquele tempo, havia, em Jerusalém, dois tipos de judeus: os criados em Israel e os criados fora de Israel. Eram tipos rivais. Os criados em Israel falavam o aramaico. Os criados fora de Israel comunicavam-se em grego. Os criados em Israel não aceitavam a cultura greco-romana. Os criados fora de Israel apreciavam essa cultura. Os criados em Israel achavam que eram judeus mais puros e mais fiéis a Deus. Os criados fora de Israel eram vistos como liberais e infiéis.

Era essa a realidade entre os judeus. Estavam divididos em dois grupos diferentes e antagônicos.

Ora, no Dia de Pentecostes, muitos judeus se converteram. Eram dos dois grupos. E na igreja reproduziu-se a divisão que havia na sociedade judaica.

Os cristãos judeus criados em Israel começaram a discriminar os criados fora de Israel. Protegiam as pessoas de seu grupo. Na distribuição dos recursos, as pessoas do outro grupo eram esquecidas.

A situação ficou ruim. Houve murmuração. Um grupo falava mal do outro. Passou a haver falta de comunhão.

A igreja reproduzia a sociedade judaica. Os judeus não tinham união. Na igreja, havia desunião.

Foi para isso que Estêvão foi escolhido: para tratar da divisão que havia na igreja. Com seu trabalho de servo, ele ajudaria a curar as divisões e antagonismos dentro da igreja. Estêvão iria fomentar a comunhão entre os cristãos.

A pessoa cheia do Espírito Santo é assim mesmo.  Não semeia discórdias. Não promove antagonismos. Ao contrário, transforma-se num arauto da comunhão.


Rev. Gerson Correia de Lacerda
Editor e revisor de O Estandarte
Pastor auxiliar da 1ª IPI de Osasco, SP

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