QUEM SE LEMBRA DE JOSÉ?
Há tempos, Rita Lee, roqueira brasileira, gravou uma canção, cujo título é “José”.
Sua letra refere-se a José dizendo: “Olhe o que foi, meu bom José, se apaixonar pela donzela, entre todas a mais bela de toda a sua Galileia. Casar com Débora ou com Sara, meu bom José, você podia, e nada disso acontecia, mas você foi amar Maria… Você podia simplesmente ser carpinteiro e trabalhar, sem nunca ter de se exilar e de se esconder com Maria! Meu bom José, você podia ter muitos filhos com Maria e seu ofício ensinar, como seu pai sempre fazia. Por que será, meu bom José, que esse teu pobre filho, um dia, veio com estranhas ideias que fizeram chorar Maria? Me lembro às vezes de você, meu bom José, meu pobre amigo, que desta vida só queria ser feliz com sua Maria!”
A letra baseia-se no texto bíblico. José foi um carpinteiro que se casou com Maria. Se não tivesse se casado com Maria, não teria precisado fugir para o Egito, a fim de salvar a vida do menino Jesus. Além disso, é certo que ele ensinou o seu ofício de carpinteiro a seus filhos, porque este era o costume daquela época. Mas existe uma afirmação, na letra da canção, que deve nos fazer pensar. Diz: “Me lembro, às vezes, de você, meu bom José, meu pobre amigo, que desta vida só queria ser feliz com sua Maria”.
Há uma grande verdade em tais palavras! De fato, só muito raramente, nós nos lembramos de José! Maria sempre se destacou mais. Na própria Bíblia, José é uma figura sem destaque. Seu nome aparece somente 14 vezes, em todo o Novo Testamento.
Além disso, no catolicismo romano, houve a exaltação a Maria. E, nas igrejas evangélicas, por ocasião das festas de Natal, é sempre Maria que se destaca. José aparece de passagem, mero figurante que só serve para completar a cena.
Isso é muito estranho! A sociedade da época era patriarcal. O homem sempre era o ator principal. A mulher não chegava nem a ser contada.
Foi o que aconteceu na primeira multiplicação dos pães. Mateus registrou: “Os que comeram foram mais ou menos cinco mil homens, sem contar as mulheres e as crianças” (Mt 14.21). Todos agiam assim naquele tempo: ninguém se preocupava em contar as mulheres e as crianças. A mulher sempre ficava em segundo plano. Era tratada como um ser inferior ao homem.
No caso de José, porém, a história foi diferente. A mulher destacou-se mais. O homem foi quase esquecido. Só de vez em quando nos lembramos de José.
Sabemos muito pouco a respeito de José. Ele só aparece na cena do nascimento de Jesus. Não é mencionado nenhuma vez depois que Jesus iniciou o seu ministério. Isso faz com que se conclua que José não deve ter vivido muito tempo.
Todavia, é esse pouco que sobrou de José que destacamos. É pouco, mas é fundamental.
José era o noivo de Maria e, sem terem coabitado, ela ficou grávida. Então, desenhou-se na sua mente um projeto: abandonar Maria secretamente. Mas um anjo lhe disse para receber Maria porque o que nela fora gerado era do Espírito Santo.
Imediatamente, José abandonou seu plano e foi obediente à voz do Senhor.
Isso foi tudo que ficou a respeito de José! Pouco! Quase nada! Mas esse pouco ou quase nada foi um ato de profunda significação. José foi um homem que fez seus planos, mas também que abandonou seus planos para obedecer ao Senhor.
Neste mês de agosto, quando se comemora o Dia dos Pais, a história de José nos ensina que Deus precisou da colaboração de um simples carpinteiro da Galileia. E é sempre assim! Quando Deus age, ele não dispensa os seres humanos! Quando Deus realiza seus planos, ele conta com homens e mulheres! Até mesmo quando Jesus Cristo foi enviado ao mundo para nos salvar, Deus precisou e contou com a obediência de um pai muito simples chamado José! E José foi alguém que abandonou seus próprios planos para que o plano de Deus se cumprisse.
Todos os pais devem se lembrar disso! Pais são instrumentos de Deus para a construção de um mundo novo e de uma nova história, exatamente como ocorreu com aquele José, um simples carpinteiro, morador da pequena cidade de Nazaré, situada na desprezada região da Galileia!
Rev. Gerson Correia de Lacerda
Secretário Geral da IPI do Brasil
Pastor-auxiliar da 1ª IPI de Osasco
Editor de O Estandarte