Artigo Teológico

ERASMO BRAGA E A UNIDADE

O Rev. Erasmo Braga, importante pastor, teólogo e intelectual presbiteriano brasileiro, foi ministro da Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB), a relevância de seu nome ultrapassa as fronteiras de sua própria denominação, pois a ele pertence a honra de ser um dos precursores do movimento ecumênico dentro do universo protestante de nosso país.

No que se refere à IPIB, a influência de Erasmo Braga é sentida diretamente na vida e obra do Rev. Epaminondas Melo do Amaral, discípulo e continuador de sua obra.

Erasmo de Carvalho Braga nasceu em 23 de abril de 1877, na cidade paulista de Rio Claro. Seu pai, o português João Ribeiro de Carvalho Braga, foi um dos primeiros pastores presbiterianos do Brasil.

Ainda adolescente, junto com uma inteligência prodigiosa, Erasmo sinalizava uma clara vocação ao pastorado, provavelmente influenciado pelo labor de seu pai, responsável por um vasto campo no interior paulista.

Após concluir o curso primário, Braga se deslocou para a capital do estado, cursando o ensino secundário na Escola Americana, gênese do atual Mackenzie.

Formado, é aprovado nos exames para ingresso na prestigiosa Faculdade de Direito do Largo São Francisco.

Fiel à vocação que ardia em seu coração desde a tenra idade, optou por ingressar no Instituto Teológico, recentemente criado graças à iniciativa do Rev. Eduardo Carlos Pereira.

Antes de concluir os estudos teológicos, Erasmo Braga levou a cabo sua primeira atividade ecumênica. Foi um dos fundadores da filial paulistana da Associação Cristã de Moços (ACM), feito que marcaria sua atuação durante toda a vida.

Concluiu sua formação teológica em 1897, recebendo a ordenação pastoral em 5 de setembro de 1898, no Rio de Janeiro. Seu primeiro campo de trabalho foi a congregação de Niterói.

Além do pastorado local, Erasmo Braga fundou, junto com o Rev. Álvaro Reis, o jornal “O Puritano”.

No referido periódico, publicou inúmeras matérias e editoriais que revelariam suas principais ideias: combate à intolerância religiosa, incentivo à participação na vida pública por parte dos crentes, defesa da justiça social e, obviamente, a importância do ecumenismo.

A unidade da igreja evangélica brasileira era uma de suas paixões.

O início do Movimento Ecumênico teve como marco a Conferência de Edimburgo, realizada em 1910, na Escócia. Sua principal missão era unificar a obra missionária realizada em países receptores da mensagem do evangelho.

O continente latino-americano, cristianizado sob a égide da Igreja Católica Romana, não foi considerado campo missionário pela maioria dos delegados em Edimburgo. Tal decisão não foi aceita pela delegação latino-americana. Como fruto dessa insatisfação, foi realizado, em 1916, o Congresso do Panamá.

Erasmo Braga teve um papel importantíssimo na nova conferência, pois foi escolhido para escrever o relatório sobre todos os pontos debatidos.

Seu metódico trabalho, que abordava aspectos históricos, sociais, étnicos, econômicos e religiosos da América Latina, transformou-se em um livro muito influente. Despontava um grande intelectual para a causa protestante entre os povos latinos da América.

Uma das principais decisões aprovadas pelo Congresso do Panamá foi a criação do Comitê Regional de Cooperação, cuja finalidade era organizar comitês nos países participantes.

A tarefa desses organismos locais era incentivar a unidade entre as diversas denominações evangélicas.

Em 1918, Erasmo Braga organizou a Comissão Brasileira de Cooperação, que contou com a participação de episcopais, congregacionais, metodistas, presbiterianos e presbiterianos independentes.

Em 1921, Braga assumiu a função de secretário executivo, permanecendo até sua morte, em 1932.

Sua gestão na secretaria executiva foi marcada pela elaboração de um sólido material de educação cristã utilizado por todas as igrejas integrantes da Comissão, pela defesa de um ensino laico e progressista nas escolas confessionais e públicas, pelos debates de temas econômicos e sociais- sempre com foco na busca por uma sociedade socialmente justa – e, obviamente, no engajamento em prol da unidade entre as denominações evangélicas brasileiras.

Em 1934, dois anos após a morte do Rev. Erasmo Braga, todo seu esforço foi coroado por meio da organização da Confederação Evangélica do Brasil.

A obra de Erasmo Braga é grande demais para ser apresentada em um artigo como este. Nossa finalidade, além de honrar sua memória, é estimular a membresia de nossa igreja a cultivar uma postura ecumênica e socialmente responsável.

Rev. André Tadeu de Oliveira
Pastor da IPI de Alexânia, GO
Relator do Conselho Editorial de O Estandarte e da revista Vida & Caminho

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