Ministério da Comunicação

A MENTIRA FANTASIADA DE VERDADE

A comunicação enganosa das Fake News

No início de setembro deste ano, o Instituto Reuters da Universidade de Oxford, divulgou um relatório[1] sobre a confiança das pessoas nas notícias, em nosso país, a partir de uma pesquisa com duas mil pessoas em todo o Brasil.

Em geral, pessoas com 55 anos ou mais tendem a ter menos confiança nas notícias vindas de grupos de mídias tradicionais. Entre as pessoas que menos confiam em notícias vindas de grupos de mídias tradicionais, 59% é formado por homens. Os menos confiantes nas notícias, são moradores da Região Sul e apoiadores do governo federal.

Outro dado interessante, tem a ver com a forma como a notícia é veiculada.

Embora o percentual de confiança nas notícias encontradas em plataformas de internet, como Google, Facebook e WhatsApp, é menor do que em empresas de mídia:

  • 45% dos entrevistados dos entrevistados consideram o WhatsApp uma fonte relativa ou totalmente confiável de notícias, sendo que 71% dos entrevistados afirmam utilizar esta plataforma para consumir notícias;
  • 42% dos entrevistados confiam relativamente ou totalmente no Facebook para se informar;
  • 74% dos entrevistados confiam total ou relativamente no Google e 58% dos entrevistados confiam total ou relativamente no YouTube (que pertence ao Google), como fonte confiável de notícias.

Por que esses dados são tão importantes também para nós, enquanto igreja?

Eles sinalizam que a forma das pessoas se informarem passa por uma transformação importante e que requer certos cuidados. Este momento histórico pelo qual passamos é denominado de Era da Informação, sendo que uma das principais suas características, é a hiperconectividade, ou seja, o fato de estar todo mundo conectado o tempo todo. Aqueles que viveram as eras pré-históricas da internet, entravam na internet; hoje, os seus filhos e netos não saem dela!

Um aspecto positivo é que as informações não estão mais centralizadas e institucionalizadas. Esta é uma característica deste momento. Vivemos um tempo de mudanças, onde há profundos questionamentos acerca da validade e da importância:

  • Dos grandes conglomerados de notícias e mídias tradicionais;
  • Das instituições governamentais em todas as suas instâncias;
  • Das instituições educacionais e religiosas.

Um dos grandes riscos desse momento tem a ver com a verdade.

Alguns estudiosos indicam que, com a descentralização da informação, estamos experimentando um momento de pós-verdade. Esse fenômeno tem a ver com aquilo que é noticiado. Notícias geram opinião pública. Quanto maior for o apelo às emoções e às crenças pessoais, maior será o seu impacto. Notícias baseadas na pós-verdade não são estabelecidas em fatos, mas em crenças. E elas são a base de toda Fake News. Fake News são notícias falsas publicadas por veículos de comunicação como se fossem informações reais.

Um dos grandes perigos é que o meio evangélico seja um dos maiores propagadores de Fake News em nosso país.

Em outra pesquisa, realizada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, em agosto de 2021, intitulada: Caminhos da desinformação: evangélicos, fake news e WhatsApp no Brasil[2], foi constatado que 77% dos evangélicos afirmam ter recebido notícias falsas em “grupos da igreja” no WhatsApp. O uso intenso do WhatsApp para a prática religiosa fortalece redes de desinformação no segmento evangélico. Segundo relatório de pesquisa:

  • Para 33,3% dos evangélicos entrevistados, pessoas conhecidas são mais consultadas como fontes de informações do que veículos jornalísticos e/ou mecanismos de busca na internet
  • 13,2% dos evangélicos entrevistados disseram que os pastores e irmãos da igreja representam a fonte mais confiável de notícias
  • 23,6% dos evangélicos respondentes disseram não ter o costume de checar notícias
  • Quase 30% dos evangélicos entrevistados admitiram que já compartilham notícias falsas, sendo que 8,1% fizeram “mesmo sabendo que era mentira, mas por concordarem com a abordagem”

Observe a expressão: “compartilharam notícias falsas, mesmo sabendo que era mentira, por concordarem com a abordagem”.

Não é de hoje que o meio evangélico é fascinado por Fake News… Quem não se lembra do período pré-internet, quando havia boatos que circulavam em boletins dominicais de igrejas sobre testemunhos de pessoas que visitaram o inferno, de bonecos de brinquedo que tinham adagas em seu interior, de discos de música que tocados detrás para frente indicavam letras satânicas e profanas?

A comunicação das Fake News é baseada sempre em crenças. E, no meio evangélico, ela é recheada de alusões a perigos que se impõem sobre a fé cristã: não será permitido mais abrir igrejas em nosso país; não poderemos mais falar no nome de Jesus; a Bíblia será proibida no Brasil.

Lembre-se disso: Fake News são marcadas por conteúdos emocionais e que indicam algum risco àquilo que você crê. Mas elas são apenas isso: mentira fantasiada de verdade. Como cristãos, não somos chamados a divulgar mentiras, mas a anunciar a verdade. E a verdade não é nenhum posicionamento político ou filosófico. A verdade é o mesmo que o caminho e a vida: Jesus.

Aliança Bíblica Universitária Brasileira lança e-book de estudo bíblico indutivo sobre as Fake News e a Bíblia

Todos os dias recebemos informações pelos mais diferentes meios. Qual é o nosso compromisso com essas informações? Será que sempre nos preocupamos com o conteúdo delas e se correspondem à verdade? Você certamente já escutou o termo “fake news” (traduzindo: “notícia falsa”), que se relaciona a uma informação que pode ser mentirosa ou enganosa, em ambos os casos com o intuito de alterar a verdade. Que impactos a circulação dessas informações pode gerar? Será que nossa fé tem alguma relação com isso?

Bem, o que tenho a dizer é que Deus ama a verdade. Ele é a verdade!

Deus nos convida a assumir o compromisso com ele, com a verdade. Você já pensou nos impactos se toda a igreja assumisse esse compromisso? Que grande avivamento aconteceria em nosso mundo!

Nosso convite é para que você e sua igreja possam refletir e ser parte de um movimento maior. Para isso, desenvolvemos a campanha #IgrejaSemFakeNews, contribuindo para que cristãos e igrejas se tornem conscientes dos impactos das fake news sobre as pessoas, as comunidades e a sociedade e sobre nossa relação com Deus.

Para acessar o e-book: http://www.abub.org.br/sites/default/files/As%20Fake%20News%20e%20a%20B%C3%ADblia_EBI.pdf


[1] https://p.dw.com/p/407yw

[2] https://drive.google.com/file/d/1xl-5aqKfXmYeSPctboBoNqFzj_21yRHO/view

Rev. Eugênio Anunciação
Pastor da IPI de Mogi das Cruzes, SP
Ministro da Comunicação da IPIB

One thought on “A MENTIRA FANTASIADA DE VERDADE

  • Anamaria

    Pertinente e necessário texto.

    Resposta

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

O ESTANDARTE